Cotidiano

Dirigentes da Rede criticam ?vazio de posicionamentos? do partido e anunciam desfiliação

RIO ? Sete dirigentes partidários da Rede Sustentabilidade anunciaram nesta segunda-feira sua desfiliação do partido, em uma carta-aberta recheada de críticas à legenda, que seria estruturada sobre um ?vazio de posicionamentos políticos?, e a Marina Silva, porta-voz e maior lidença da Rede, que navegaria em uma ?sucessão de ambiguidades?. Os dissidentes faziam parte dos diretórios estaduais do Rio de Janeiro e de Porto Alegre, e ressaltaram que esperaram o fim do primeiro turno das eleições municipais para anunciar a decissão, querendo evitar um uso eleitoreiro.

Assinam a carta Luiz Eduardo Soares, Miriam Krenzinger, Marcos Rolim, Liszt Vieira, Tite Borges, Carla Rodrigues Duarte, Sonia Bernardes. No texto, os agora ex-membros da Rede afirmam que encaravam o partido como um instrumento para contestar as formas tradicionais de se fazer política e para mudar o Brasil. No entanto, explicam, perceberam aos poucos que o ?vazio de posicionamentos políticos? sobre o qual a sigla tem se estruturado não vinham das limitações da sigla, e sim de uma ?postura determinada que evita as definições, porque percebe que cada uma delas pressupõe um custo político-eleitoral?.

A carta não pouca críticas à ex-candidata a presidente Marina Silva, a quem o partido seria cada vez mais dependente. Fazendo questão de ressaltar que Marina é ?uma liderança política com virtudes excepcionais?, os dissidentes afirmam que ela ?não lidera a Rede para que o partido assuma definições políticas consistentes, parecendo preferir navegar em meio a uma sucessão de ambiguidades?.

Uma das principais discordâncias sobre a condução da legenda foi o posicionamento favorável ao impechment da ex-presidente Dilma Rousseff. ?Não é sustentável um partido cuja direção vota um tema chave para a história do Brasil, o impeachment, sob o argumento explícito de que ?não podemos deixar Marina sozinha?, tendo ela anunciado, na véspera, sozinha e sem consultas, sua surpreendente posição favorável, depois de declarar-se contrária ao longo de meses?, diz um trecho da carta.

Para os ex-dirigentes, o impeachment ?entregou o poder ao PMDB e a um grupo político envolvido nas investigações da Lava Jato e comprometido em aplicar políticas radicalmente contrárias ao que sempre supomos fossem os valores e os objetivos da Rede?. Eles também discordam do posicionamento de seguir apoiando o julgamento, ainda em curso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer, por irregularidades na eleição de 2016. A estratégia seria ?tão inverossímil quanto ingênua e equivocada?. O texto diz que ação só teria resultados se o impeachment não fosse aprovado.

Por fim, a carta critica o apoio da Rede à candidatura de Sebastião Melo (PMDB) à prefeitura de Porto Alegre, quando havia a chance de apoiar Luciana Genro (PSOL). Marina participou pessoalmente da campanha de Melo, atual vice-prefeito da cidade, que irá disputar o segundo turno com Nelson Marchezan Júnior (PSDB)