Cotidiano

Delator da Lava-Jato, Paulo Roberto Costa tira tornozeleira em Curitiba

SÃO PAULO – O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi à sede da Justiça Federal do Paraná na tarde desta quinta-feira para retirar a tornozeleira eletrônica. Ele passará a cumprir apenas quatro horas de serviços comunitários e, por determinação do juiz Sérgio Moro, deve ainda apresentar relatório trimestral de atividades. Atualmente, ele mora no Rio.

Primeiro delator da Operação Lava-Jato a revelar o esquema de corrupção envolvendo partidos políticos na estatal, Costa confessou ter sido indicado para o cargo pelo PP, em troca de arrecadar propina para o partido. A Diretoria de Abastecimento, comandada por Costa, era a responsável por grandes volumes de investimentos da petrolífera, como o da Refinaria Abreu e Lima, em Recife.

Depois de fechar o acordo, Costa cumpriu prisão domiciliar e em outubro de 2015 passou a cumprir regime semiaberto, com uso de tornozeleira eletrônica e obrigatoriedade de permanecer em casa à noite e nos fins de semana. Desde então, já podia trabalhar e viajar, desde que autorizado pela Justiça.

Pelo acordo, Costa poderia deixar de usar a tornozeleira e progredir para o regime aberto desde 1 de outubro de 2016, mas ainda assim foi preciso negociar com o Ministério Público Federal e obter autorização judicial.

Costa envolveu toda a sua família no esquema de corrupção da Petrobras. Juntos, criaram 18 empresas para fazer negócios e dissimular os ganhos ilícitos. A família abriu ainda várias contas no exterior e 12 offshores. Apenas de duas contas, na Suíça e no Canadá, foram restituídos US$ 23 milhões.

O ex-diretor da estatal se comprometeu a pagar R$ 5 milhões em indenização cível por crimes contra a administração pública e entregou alguns bens à União, entre eles uma lancha avaliada em R$ 1,1 milhão, um terreno no município de Mangaratiba, no Rio de Janeiro (R$ 3,2 milhões) e valores em dinheiro apreendidos em sua residência (R$ 762 mil, US$ 181 mil e ? 10,9 mil).

Costa foi flagrado na Lava-Jato porque recebeu do doleiro Alberto Youssef, como parte de pagamento de propina, uma Range Rover Evoque, no valor de R$ 300 mil.

O doleiro Alberto Youssef deve deixar a prisão no próximo dia 17. Ele cumprirá prisão domiciliar e poderá sair do apartamento onde vai morar, em São Paulo, apenas para ir na academia do prédio. O doleiro estava preso desde 17 de março de 2014, quando foi deflagrada a primeira fase da Lava-Jato.