Cotidiano

Crítica: Voz que acende na ausência de penduricalhos

62369225_SC - O cantor Chris Cornell das bandas Soundgarden e Audioslave.jpgRIO – Talvez a mais potente e matizada voz entre os seus contemporâneos de grunge, Chris Cornell é um refém do Soundgarden. Sua interpretação é parte tão inalienável do sucesso do grupo, e tão sintonizada com o espírito rebobinador de Black Sabbath dos seus companheiros, que fica difícil imaginá-lo em qualquer outro grupo ? até mesmo o Audioslave, com o qual chegou a colher alguns louros (e, sim, também com o Temple of the Dog). Discos de carreira solo, então, são quase sempre um desafio para Cornell, que fez um interessante ?Euphoria morning? (1999) e um estranho ?Scream? (2009, produzido pelo midas rap Timbaland). O mais recente, ?Higher truth?, não chega a ser nenhum assombro, mas indica que o cantor continua a buscar um caminho para chamar de seu ? com a qualidade de sempre e alguns acertos. Links Chris Cornell

A produção de Brendan O?Brien (veterano do grunge, que trabalhou com o Soundgarden, mas é conhecido mesmo pelos discos do Pearl Jam) afastou o cantor dos penduricalhos sonoros e deu a cada canção aquilo de que ela precisava. Predominantemente acústico, mas assim vigoroso, na linha do ?Led Zeppelin III?, ?Higher truth? se realiza em faixas como ?Worried moon?: um folk à base de violão, que vai sendo vestido com elegância por outros instrumentos e que explode na injeção de força do refrão. Piano e órgão alimentam o fogo da faixa-título, enquanto que em ?Josephine? e ?Murderer of blue skies? pouco há além do violão. Boas melodias e a riqueza da voz de Cornell fazem com que o disco se imponha diante do rock mediano de 2016.