Cotidiano

Contrabandistas vandalizam e deixam ponte às escuras

Guaíra – Ao completar 20 anos de inauguração, a Ponte Ayrton Senna, na divisa do Paraná com o Mato Grosso do Sul, ainda enfrenta um sério problema: a ação de vândalos. Mais uma vez, o trecho de 3,6 quilômetros ligando Guaíra (PR) a Mundo Novo (MS) está às escuras. Quem mora nas proximidades revela que o vandalismo é provocado por contrabandistas, que tentam “cegar” as autoridades de segurança nas operações noturnas, especialmente nos portos clandestinos.

Os postes de ambos os lados da ponte estão sem luz. Em duas outras ocasiões, o DER (Departamento Estadual de Estradas e Rodagem) liberou recursos extras para reforma e revitalização da iluminação, isso porque os criminosos levam a fiação elétrica para vender o cobre extraído dela.

O chefe de Gabinete da Prefeitura de Guaíra, Giliard Osti, disse é preciso desenvolver um projeto eficiente de segurança para evitar essa situação.

Segundo consta, o DER estaria estudando uma ampla reforma na ponte, que consistirá inclusive na implantação de um novo sistema de iluminação.

O fluxo de carros e caminhões é intenso no local, o que agrava os riscos de assalto e acidentes à noite.

A última reforma feita pelo DER no local ocorreu em agosto de 2011. Na época, antes mesmo da conclusão dos serviços ladrões já haviam retirado ou destruído as canalizações, os tubos e os conduítes do sistema elétrica para levar cabos de energia. Foram gastos mais de R$ 350 mil na recuperação da iluminação, que nunca chegou a ser concluída em função da ação simultânea dos vândalos.

Duas décadas

Após anos de paralisação e muito trabalho de líderes locais para sua conclusão, a Ponte Ayrton Senna foi inaugurada em 24 de janeiro de 1998, na presença de diversas autoridades e do então governador do Paraná, Jaime Lerner, que, sob sol escaldante e a bordo de um Lincoln, cruzou a ponte com o ex-prefeito Manoel Kuba. A estrutura consumiu R$ 32 milhões e é a única ponte no mundo em curva na parte central do tobogã.

A ponte de Guaíra recebe um fluxo intenso de veículos e caminhões, em direção a Salto Del Guayrá, no Paraguai, ao Pantanal, no Mato Grosso, e de quem vai para a Região Sul. Trata-se da maior ponte fluvial do Brasil.

Inicialmente, a ponte foi projetada para servir de corpo da barragem de Ilha Grande, que começou a ser construída pela Eletrosul nos anos de 1980. Entretanto, o projeto da usina foi abandonado em 1991, durante o Governo Collor. Três anos depois, os trabalhos foram retomados pelo então governador do Paraná, Roberto Requião, aproveitando o projeto já iniciado pelo Mato Grosso do Sul em direção ao Paraná.

Para construir o canal de navegação e ampliar a altura da ponte, atendendo a uma exigência da Marinha e já prevendo a utilização da hidrovia Paraná-Tietê, foi necessário na época o derrocamento de rochas para abrir o canal. Na ocasião, os danos ambientais foram irreparáveis, com a mortandade de diversos peixes por conta da contaminação da água provocada pelos componentes necessários para as detonações das rochas. Alguns pescadores acionaram a Justiça e conseguiram ser indenizados. As explosões aumentaram a profundidade do rio. Amparado por licenças ambientais, o DER autorizou as detonações ao longo de três meses.