Cotidiano

Contaminação e alagamentos constantes no Maravista, em Itaipu

NITERÓI – Na última quinta-feira, não demorou uma hora para que a água da chuva extrapolasse o limite do canal da Rua Maria Izabel Bolckau (que alimenta o Rio da Vala), em Itaipu. Junto com o aumento no nível de água pluvial, começou a vazar também esgoto. Segundo moradores, a contaminação e as enchentes são frequentes em dias assim.

O muro da casa em frente ao canal exibe as marcas dos diferentes níveis que a água alcançou durante alagamentos. As manchas vão da altura do joelho até acima da cintura. A equipe do GLOBO-Niterói esteve no local terça-feira, quando não chovia há dias, e constatou que a água praticamente cobria a tubulação. No local, o fio d’água vem de um canal aberto e começa a acumular quando estreita para duas tubulações que passam por baixo da calçada das casas. É nesse ponto que a água começa a transbordar.

Joaquim Ferreira Dias mora há 38 anos na região e diz que o problema está se agravando.

— Tenho 32 protocolos das ocasiões em que liguei para a Águas de Niterói porque a elevatória parou de funcionar. Quando isso acontece, o esgoto do bairro é lançado aqui — reclama Joaquim Ferreira, que alerta. — Os alagamentos estão piorando. Em 38 anos, a água nunca tinha chegado na minha casa, que é 40 centímetros mais alta que a rua. Este ano, em 15 dias chegou três vezes.

LICITAÇÃO PARA OBRAS

Na Rua 32, perto do local, a psicóloga Marina Toledo diz que fica ilhada em dias de chuva. Ela conta que em fevereiro o quintal de sua casa encheu a ponto de estragar o carro.

— Ela não alaga porque é mais alta do que a rua. Mas é um transtorno, ninguém consegue chegar ou sair. E tem sempre muito mosquito — queixa-se.

A Águas de Niterói informa que o funcionamento do sistema da elevatória só é interrompido devido à falta de energia elétrica ou pelo lançamento indevido de materiais na rede de esgoto, como papel, que pode obstruir o equipamento. Segundo a concessionária, quando o período de falta de energia é longo, um caminhão retira o esgoto da elevatória e leva à estação de tratamento.

Mas, de acordo com o presidente do Conselho Comunitário da Região Oceânica (Ccron), Gonzalo Peres, com a chuva de quinta-feira, o esgoto da elevatória passou a ser lançado no canal pela tubulação extravasora. Ele chama a atenção para consequências da contaminação.

— O maior problema está relacionado à saúde pública. Uma família inteira que mora em frente ao canal está doente — diz.

Em relação ao esgoto, a Águas de Niterói lembra que, apesar de a região ter rede coletora, ainda existem imóveis que lançam efluentes nos rios e canais.

Para resolver os problemas provocados pelas chuvas, a prefeitura de Niterói diz que já deu início ao processo licitatório para obras de macrodrenagem na região. Isso permitirá fazer a microdrenagem das ruas do Engenho do Mato e do Maravista. A municipalidade ressalta que a área não recebe investimentos em infraestrutura há mais de 40 anos.

A Secretaria de Conservação e Serviços Públicos informa que faz ações de limpeza da rede de águas pluviais do local e do rio da Vala. Destaca que o trecho do rio que passa pela Rua Maria Isabel Bolckau foi limpo há cerca de três semanas, mas há uma construção irregular no local, impedindo que as equipes de limpeza tenham acesso a um trecho do canal. A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos informa que enviará fiscais para averiguar a situação e avaliar que medidas poderão ser tomadas.