BRASÍLIA – O conselheiro da Comissão de Ética da Presidência (CEP) que havia pedido vistas do processo que investiga o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e recuado no mesmo dia, pediu afastamento do caso. José Leite Saraiva Filho anunciou a decisão nesta quarta-feira, citando matérias de jornais que questionaram sua isenção para julgar o ministro. Saraiva é o único da comissão que foi nomeado pelo governo Michel Temer.
“Suspeição por fatos supervenientes, consistentes nos questionamentos divulgados em veículos de comunicação, a respeito da minha isenção para atuar na questão”, escreveu Saraiva ao presidente da CEP, Mauro Menezes.
Saraiva foi condecorado com o título de cidadão de Salvador a partir de um pedido do então governador Pedro Godinho (PMDB), aliado de Geddel. Segundo reportagem da “Folha de S. Paulo” nesta quarta-feira, Saraiva é advogado da entidade de construtoras da Bahia, que inclui a dona do empreendimento La Vue, onde Gedel tem uma unidade. Saraiva representaria a associação em ação contra o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Na última sexta-feira, Geddel foi acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero a tê-lo pressionado a liberar uma licença do Iphan em um prédio em área tombada na capital baiana, no qual Geddel tem apartamento.
Na última segunda-feira, a Comissão de Ética da Presidência decidiu votar para decidir se abria contra Geddel Vieira Lima um processo, que pode até recomendar sua exoneração. Entretanto, José Leite Saraiva Filho havia pedido vistas, adiando o julgamento. Horas depois, após ligação do próprio Geddel para a comissão e do anúncio de Michel Temer garantindo a permanência do ministro da Secretaria de Governo, Saraiva recuou e liberou o processo, que teve votação unânime para ser aberto.
