Cotidiano

Com palmas protocolares do público, 'Django' abre o Festival de Berlim

Links Festival de BerlimBERLIM ? Comprometido em ecoar as angústias e tensões dos dias de hoje, o Festival de Berlim abriu a sua 67ª edição nesta quinta-feira (9) com o drama ?Django?, sobre o violinista e jazzista Jean ?Django? Reinhardt (1910-1953), belga de origem cigana, que fugiu dos nazistas na Segunda Grande Guerra, durante a ocupação da França pelos nazistas.

Dirigido por Étienne Comar, o filme é um dos vários títulos da programação deste ano ? que continua até o dia 19 ? que usam fatos e personagens do passado para refletir sobre a falência de utpias e ideologias contemporâneas.

? Toda vez que um regime ditatorial ou terrorista se instala em algum lugar uma das primeias manifestações culturais que são perseguidas é a música ? contou Comar, produtor francês que aqui estreia na direção, durante a coletiva que se seguiu à primeira projeção do filme para a imprensa, que reagiu com palmas protocolares. ? Promotores da pureza, os nazistas discriminavam o jazz por ser um gênero fruto de uma mistura de diferentes culturas, da música negra americana, inclusive, e por isso considerada arte degenerada.

?Django? abre com um massacre de um grupo de ciganos em um acampamento em um bosque do território francês, em 1943. Enquanto isso, Django (Reda Kateb, de ?Longe dos homens? e ?O profeta?) e sua banda encantam os salões e clubes de Paris com sua música pulsante, arte de vanguarda e, ao mesmo tempo popular, admirada inclusive pelos soldados alemães. O que representa um segundo embaraço para os militares do Terceiro Reich em Paris, que chegaram inclusive a impor regras para sua execução em lugares públicos. Os filmes brasileiros que estarão no Festival de Berlim 2017

Para o filme, as canções de Django foram regravadas pela banda holandesa de jazz Rosenberg Trio.

? Em muitos sentidos, a música é um símbolo de liberdade, daí a perseguição a expressões musicias que inspiram o homem a buscar o seu ideal de felicidade ? explicou o diretor que conheceu o trabalho de Django Reinhardt por intermédio de seu pai, grande fã do músico, que eventualmente conseguiu escapar da França ocupada atravessando a fronteira com a Suiça. ? Procurei evitar o modelo tradicional de cinebriografia, daqueles que cobrem todo o período da vida de um personagem, e me concentrar nessa janela de tempo bastante específica, em que a música adquire um papel importante na tomada de consciência política de Django. Ao mesmo tempo, fazer um paralelo com a tragédia dos refugiados de guerra de então, com as diásporas de hoje.