Cotidiano

Cláudia Cruz diz que Cunha era o responsável pela gestão financeira da família

SÃO PAULO. A jornalista Cláudia Cruz afirmou em depoimento na 13ª Vara Federal de Curitiba que toda a gestão financeira do casal cabia ao marido, o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB_RJ) e que ela não sabia que o cartão de crédito que possuía na Suíça, para gastos no exterior, era vinculado a uma conta. A informação é do advogado Pierpaolo Bottini, que defende a jornalista. Cláudia foi orientada por ele a não responder a perguntas do juiz Sérgio Moro, apenas às questões formuladas pela própria defesa.

– Ela só soube que havia uma conta-corrente quando ocorreu o bloqueio dos valores. Antes, ela sabia apenas que tinha um cartão de crédito – disse Bottini.

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A versão difere do depoimento que Cláudia Cruz prestou ao Ministério Público Federal em abril passado. Ao falar aos procuradores, ela disse que a abertura da conta havia sido sugerida por Eduardo Cunha para custear as despesas dos filhos no exterior. Disse que ele levou os documentos para que assinasse.

Bottini afirma que, quando prestou depoimento ao MPF, Cláudia já sabia da existência da conta porque o bloqueio de valores já havia ocorrido. A conta Kopek, no banco Julius Baer, teve US$ 140 mil dólares bloqueados no dia 17 de abril de 2015 – um ano antes do depoimento de Cláudia aos procuradores.

O interrogatório feito apenas pelo advogado de defesa durou cerca de 20 minutos. Depois da audiência, Cláudia Cruz visitou o marido na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.

O advogado afirmou ainda que Cláudia Cruz disse na audiência que Eduardo Cunha e o contador dele cuidavam inclusive das declarações de Imposto de Renda. Antes de casar com Cunha, disse a jornalista, quem fazia o Imposto de Renda era o pai dela.

– O padrão de vida de Cunha era alto antes mesmo de eles passarem a viver juntos. Ela confiava nele. Os dois viveram juntos mais de 20 anos e tiveram uma filha. Não havia motivo para ela duvidar da origem do dinheiro dele. Cunha sempre disse que tinha aplicações no mercado financeiro e imobiliário. Foi isso que ela contou na audiência – disse Bottini.

Cláudia Cruz é acusada de lavagem de dinheiro pelo Ministério Público Federal. Os procuradores afirmam que Cláudia mantinha uma conta secreta na Suíça, denominada Kopek, que recebeu US$ 165 mil oriundos de propina de um contrato da Petrobras para exploração de petróleo em Benin, na África.

Na ação, o advogado argumenta que o simples fato de não declarar a conta na Suíça à Receita Federal no Brasil não configura lavagem de dinheiro, mas apenas evasão de divisas.