Cotidiano

Censo atesta redução de áreas rurais no Paraná

Cascavel – O custo de produção, aliado a fatores como idade avançada e escassez de mão de obra, levaram pequenos produtores a arrendar suas áreas a grandes latifundiários. Esse fenômeno provocou nos últimos dez anos uma queda de 15% do número de propriedades em todo o Estado. É o que aponta o relatório preliminar apurado pela equipe de reportagem de O Paraná com o coordenador de subárea do escritório regional do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em Cascavel, Delmo Carvalho.

A unidade em Cascavel é responsável ainda pelo trabalho de coleta de dados nos municípios de Santa Tereza, Santa Lúcia, Lindoeste e Capitão Leônidas Marques. Em Cascavel, a queda foi ainda maior: 25%.

O censo agropecuário teve início no Brasil em outubro do ano passado e o prazo de conclusão é 28 de fevereiro. Logo que concluído, os dados já serão analisados e divulgados, graças à velocidade da informação possibilitada pela informatização do sistema.

As chuvas registradas nos últimos dias na região oeste têm prejudicado o andamento dos trabalhos, mas nada que comprometa a entrega do conteúdo previsto para o fim do próximo mês. Na próxima quinta-feira, a superintendência do IBGE no Paraná realizará uma reunião para apresentar esses números e justificar as causas da queda do número de propriedades no Estado.

No Paraná, o levantamento é realizado por 1,8 mil recenseadores, em 372 mil estabelecimentos agropecuários; no Brasil, são 26 mil recenseadores em 5 milhões de propriedades rurais. O levantamento tem orçamento de R$ 770 milhões em todo o País. Conforme a mais recente parcial, até agora foram visitadas 280 mil propriedades rurais no Paraná, com 80% dos trabalhos de coleta de informações realizados.

O IBGE está traçando um perfil fiel das culturas agrícolas do Estado, como número dos rebanhos; uso de tecnologias, adubação e agrotóxicos. O último censo havia sido feito em 2007. O questionário pode ser respondido em 45 minutos. Os técnicos usam um GPS para se guiar nas regiões a serem pesquisadas e um aplicativo, que possibilita o envio dos dados simultaneamente.

Motivos

“O número de arrendamentos verificados na região e no Paraná é espantosa e comprova a dificuldade do pequeno produtor em se manter na atividade”, avalia Delmo. “Nas entrevistas, os produtores justificam a decisão de arrendar a área para obter renda para continuar na propriedade”.

Segundo Delmo Carvalho, os produtores preferem ter ao menos o dinheiro do arrendamento do que ficar tentando sobreviver com a exploração de culturas tradicionais, principalmente aqueles com aptidão para exploração da bacia leiteira, sempre em crise.

Conforme Carvalho, 80% das coletas já foram feitas na região oeste. Em toda a região, o IBGE conta com o apoio de 30 recenseadores responsáveis pela coleta de informações agropecuárias. Em Cascavel, o trabalho é desenvolvido por 12 profissionais responsáveis pela captação dos dados no campo.

Conforme o IBGE, em 2007 – ano do último censo agropecuário – o Paraná contava com 371.063 propriedades rurais. Em Cascavel, eram 4.034, em Capitão Leônidas Marques, 1.028, em Santa Lúcia, 500 propriedades, em Lindoeste 812 e em Santa Tereza, 505. Esses são os municípios atendidos pelo escritório regional do IBGE em Cascavel.