Cotidiano

Cascavel do futuro: desenvolvida, moderna, humana e sustentável

Ao completar 69 anos neste sábado (14), Cascavel está prestes a receber um dos maiores presentes dos últimos ano

Foto: Gilson Abreu
Foto: Gilson Abreu

Reportagem: Patricia Cabral 

Cascavel – Cascavel vai comemorar 69 anos, mas você já parou para imaginar como será a cidade daqui a 10, 20 ou 30 anos? Como serão o movimento nas ruas e os pontos turísticos? O transporte terá evoluído? E a saúde?

Pois saiba que a Cidade do Futuro é projetada já há alguns anos. Desde 2010, profissionais, entidades e associações trabalham na elaboração de um planejamento com perspectivas de mudanças que envolvem setores como educação, transporte e infraestrutura.

Tudo começou com um estudo desenvolvido pela Fiep (Federação das Indústrias do Paraná) e entregue em 2012, chamado Projeto Cidades Inovadoras Cascavel 2030, no qual foram destacadas áreas como educação e cultura, energia, saúde e bem-estar, segurança, transporte e mobilidade, urbanismo e meio ambiente. Para cada uma foram pensadas ações para possibilitar desenvolvimento e modernização. Na educação, por exemplo, a aposta era na formação e na valorização de profissionais. No projeto 2030, o painel de Transporte e Mobilidade Urbana mostrava Cascavel como um polo metropolitano em transporte, oferecendo acessibilidade.

Edson Vasconcelos foi presidente e atualmente é membro do Codesc (Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Cascavel). Ele acompanhou a elaboração daquele projeto e a criação dos painéis. “O objetivo do Cascavel 2030 foi refletir, planejar e ajudar a viabilizar investimentos, mas, principalmente, promover união das entidades e mostrar que, em parceria com poder público, é possível desenvolver a cidade do futuro promovendo evolução e modernidade a longo prazo”, explica.

A proposta Cascavel 2030 projetava o aumento populacional. Em 2010 eram 266.835. A expectativa para 2030 era de 392.812. Agora a cidade possui 332.333 habitantes. “Hoje, o mais importante é não ter necessariamente uma grande população, mas grandes oportunidades para que os jovens não precisem sair da cidade para estudar ou trabalhar”, explica.

Estudo dá início à Cascavel 2050

Em 2014, teve início um movimento envolvendo as oito maiores entidades da cidade, liderado por José Torres Sobrinho, e, em 2016, surgiu o Codesc (Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Cascavel), integrado por 65 entidades com a missão de não só dar sequência ao projeto Cascavel 2030, mas, especialmente, estimular a busca pelo desenvolvimento, pela transformação e pela modernização de maneira eficiente e sustentável. Foi dado então um passo à frente, ou melhor, 20 anos à frente: a missão de pensar e construir a Cascavel 2050. “A proposta Cascavel 2030 oferece uma construção e faz uma conexão do futuro a longo prazo com o presente. Para chegar a 2050, é importante complementar esse projeto anterior que serviu de base para o engajamento das entidades. As ações do Cascavel 2030 ainda não foram concretizadas, mas caminham para isso. Precisamos esperar a evolução do [estudo] Cascavel 2050, já que é quase uma continuação de 2030, por isso, a sequência do projeto nos próximos anos é tão importante”, reforça Edson Vasconcelos.

O presidente da Codesc, Alci Rotta Junior, explica que as próximas etapas do Cascavel 2050 são diagnóstico, plano estratégico e plano de ação. “Trabalhamos o projeto Cascavel 2030, no entanto, já estamos em fase final do projeto Cascavel 2050. Estamos contratando a empresa Urban Systems, que vai realizar o estudo das duas primeiras fases, que são fundamentais para a sequência do trabalho”.

Você está preparado para o futuro?

Muitas ideias do Projeto Cascavel 2030 foram mantidas para projetar a Cascavel 2050. O Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável possui ações que devem ser desenvolvidas para fazer com que daqui a 30 anos seja uma cidade melhor, moderna, sustentável e humana.

Atualmente, são seis Câmaras de Desenvolvimento no Codesc: Educação, Energia, Saúde e Bem-Estar, Transporte e Mobilidade, Urbanismo e Meio Ambiente, Turismo e Eventos. “Todas essas propostas levantadas pelas câmaras técnicas são o resultado de mais de 900 reuniões nos últimos quatro anos, nas quais passaram mais de mil pessoas em cerca de 2 mil horas de trabalho. São discussões técnicas e profundas que buscam propostas e soluções que projetam o futuro de Cascavel”, explicou o presidente do Codesc, Alci Rotta Junior.

Cada câmara técnicas construiu a sua fotografia com eixos estratégicos.

No turismo, por exemplo, a imagem que traz a visão de 2030 possui cinco eixos estratégicos: ativos turísticos, ecossistema do turismo, infraestrutura urbana e rural, atratividade e patrimônio histórico, natural e religioso.

Na Câmara de Saúde e Bem-Estar, traz Cascavel 2030 como polo de saúde estimulando a economia local. Estudantes e trabalhadores terão nas escolas e nas empresas orientações sobre mudanças de hábitos alimentares.

A Câmara de Urbanismo e Meio Ambiente prevê fluxo logístico desafogado com as construções de viadutos nos trevos de acesso à cidade.

Para Edson Vasconcelos, muitas situações que já são observadas e realizadas na cidade apontam que o processo pode parecer longo e cauteloso, mas já sinalizam o futuro. “De todas as câmaras, a relacionada à energia é uma das que mais conseguiram agrupar conhecimentos técnicos, projetando a eficiência energética, envolvendo biogás e sustentabilidade. A instalação da Cooperativa Paraná Energia na cidade é uma prova do que vai ser o futuro. É recente e deve crescer ainda mais”, e acrescenta: “Quando penso na Cascavel do futuro, vejo a mobilidade urbana como um dos pontos positivos. Carros e ônibus elétricos, sustentabilidade e qualidade de vida. A grande questão é quando tudo isso vai chegar e nosso objetivo com todo esse trabalho é que isso aconteça o mais rápido possível”.


Presente: Novo Aeroporto deve potencializar o crescimento e atrair investimentos para a região

 

Cascavel – Ao completar 69 anos neste sábado (14), Cascavel está prestes a receber um dos maiores presentes dos últimos anos. Mas este não veio pronto de fábrica nem embalado com laço. Pelo contrário. O novo aeroporto de Cascavel é resultado de um longo trabalho e de um processo minucioso, acompanhado com ansiedade por autoridades e população.

O novo terminal de passageiros do aeroporto recebe o nome de Octacílio Mion (foi vereador e prefeito de Cascavel e faleceu em 19 de novembro de 2015), custou cerca de R$ 19 milhões e está pronto desde agosto, e se transformou numa estrutura moderna e imponente.

A previsão inicial era de que a migração da antiga estrutura ocorresse até setembro, mas depende de algumas liberações.

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que tramitam ainda dois processos para homologação, e envolvem a ampliação da pista de pouso e decolagem, a implantação de uma pista de táxi, a construção de hangares, do pátio e do terminal de passageiros.

No dia 22 de outubro, o Cindacta II (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo) de Curitiba – departamento da Força Aérea Brasileira que regula a proteção do espaço aéreo – emitiu um parecer favorável a um documento que faltava chamado PBZPA, que é o Plano Básico de Zoneamento de Proteção de Aeródromo.

Outro passo importante para a liberação foi dado: vistorias e avaliações realizadas durante vários dias pelos representantes da Anac foram encerradas na última quinta-feira (12). Agora, tem até o dia 23 deste mês para emitir parecer formal, que irá aprovar ou fazer apontamentos e indicações de adequações, caso seja necessário.

Nos últimos cinco anos, o Aeroporto de Cascavel movimentou uma média de 200 mil passageiros em aproximadamente 9 mil pousos e decolagens por ano. Hoje tem três voos diários prestados pela Azul – com destino a Campinas e Curitiba – e pela Gol, com destino a Guarulhos.


Investimento milionário

As primeiras obras no terminal de passageiros começaram em 2011, com um projeto mais simples, o qual foi abandonado. A retomada se deu com um projeto três vezes maior que o desenho original e mais ambicioso. Foram mais de dez contratos e investimento de cerca de R$ 40 milhões.

São 6 mil metros de área construída. A parte interna do terminal permite circulação de 600 passageiros. Restaurantes, um mirante para observação de pousos e decolagens, espaços para reuniões, sala de controle das operações aeroportuárias.  São 40 câmeras de segurança em todo o terminal, tem tecnologia de reconhecimento facial e de placas de veículos.

Engenheiro responsável pela obra e diretor da Secretaria de Obras de Cascavel, Sandro Camilo Rocha Rancy informa que a infraestrutura do pátio de aeronaves também foi renovada. A espessura do piso é de 34,5 centímetros de concreto, além de uma malha de aço suficiente para suportar o peso das aeronaves, até mesmo um Boeing 737-800, com 80 toneladas. Possui sistema de drenagem da água da chuva.  Um antigo hangar particular é usado agora para a brigada contra incêndio, que ganhou um reservatório de 45 mil litros de água. O tamanho da pista está dentro da média nacional, que é de 1,8 mil metros de comprimento por 45 metros de largura. Um sistema permite pousos por instrumentos com mais segurança e um farol vai servir como auxílio e suporte para os pilotos em dias com neblina.

Os fingers já foram instalados, testados e aprovados. Eles facilitarão o embarque e o desembarque, inclusive em aeronaves modelos Embraer, Boeing e Airbus.


Expectativa de associações e entidades: mais desenvolvimento à vista

O Aeroporto Municipal de Cascavel completou na última quinta-feira 43 anos. A expectativa agora é de que a nova estrutura dê um impulso social e econômico em toda a região oeste.

Segundo o presidente da Amic Paraná (Associação dos Microempresários e das Empresas de Pequeno Porte do Paraná), Sandro Luis Viapiana, a revitalização do aeroporto vai potencializar o crescimento das cidades vizinhas. “Cascavel é impulsionada pelo agronegócio, é um polo metalúrgico e de indústrias de transformação de plástico. O comércio é forte e o setor atacadista presta serviço para toda a região. Abrangemos diretamente mais de 27 municípios e quase 1 milhão de habitantes. O novo aeroporto vai diminuir tempo, encurtar distâncias e facilitar o deslocamento de profissionais que precisam estabelecer contatos coorporativos”, avalia.

Para o presidente da Caciopar (Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná), Alci Rotta Júnior, o sistema associativista será beneficiado com a nova estrutura. “Consideramos como alto o vetor de desenvolvimento. Cascavel e toda a região ganham uma importante ferramenta que vai impulsionar a economia local. Estamos confiantes no projeto e com novas opções de voos porque trará mais progresso para a nossa região”, destaca Rotta Júnior, que também preside o Codesc.

O presidente da Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel), Michel Lopes, afirma que a maior ferramenta de desenvolvimento de uma cidade e de uma região é um aeroporto estruturado com linhas regulares e concorrência leal com preços condizentes com o cenário brasileiro. “Sonhamos e esperamos muito por esse momento, que vai levar Cascavel a um novo patamar de desenvolvimento através de novos investimentos e novos empregos. O novo terminal atende a uma demanda reprimida que tínhamos há anos”.

Aeroporto Regional

Segundo Michel, é preciso continuar projetando o futuro, lembrando da necessidade do Aeroporto Regional. “O aeroporto de Cascavel passa a ser reconhecido nacionalmente, proporcionando visibilidade para que grandes empresas do mundo se instalem na nossa cidade. Precisamos atrair esses novos investimentos e mantermos a pauta do Aeroporto Regional, pois Cascavel vai crescer cada vez mais e demandar uma estrutura com mais autonomia aeroportuária para a região e todo o Paraná”, analisa Michel Lopes.

Para o coordenador da Câmara de Turismo do Codesc, Luis Fernando Casagrande, setores como hotelaria, turismo de eventos e negócios também devem ser beneficiados com o novo aeroporto. “Vai ser o elo com outras grandes cidades. É a cereja do bolo do turismo, que chamamos de ‘uma indústria sem chaminé’. Acredito que, dentre as nossas prioridades nos últimos anos com relação ao desenvolvimento do setor, as opções de voos para cidades como Curitiba e São Paulo serão de grande valia para todo o trade turístico. Possuir um aeroporto em condições que se igualam às principais cidades do Brasil vai auxiliar e ser benéfico para a economia como um todo”.