Cotidiano

Casa Branca caça responsáveis por vazamentos internos

A guerra contra a imprensa travada pelo governo de Donald Trump fez uma nova vítima: os próprios funcionários da Casa Branca. Na mesma semana em que o presidente americano desafiou os jornalistas a revelarem suas fontes anônimas, o porta-voz e secretário de imprensa, Sean Spicer, revisou os telefones celulares de sua equipe numa tentativa de descobrir quem são os responsáveis pelo vazamento de informações.

Trump vem há semanas defendendo o fim do anonimato de fontes ? uma das bases do jornalismo ? e atacando o que considera serem notícias falsas. De acordo com o site ?Politico? e a rede CNN, a Casa Branca submeteu seus funcionários a uma espécie de revista: eles foram forçados a mostrar seus telefones para comprovar que não estavam se comunicando com jornalistas.

Acompanhado de um advogado da Casa Branca, Spicer teria convocado uma ?reunião de emergência? em seu gabinete com vários membros de sua equipe. Ao chegarem, lhes foi pedido que colocassem seus celulares ? tanto de trabalho como pessoal ? sobre uma mesa para a verificação de que não havia nada oculto nos aparelhos e também para a checagem de que eles não estavam se correspondendo com repórteres.

Segundo o ?Politico?, o porta-voz de Trump, que já manifestara sua oposição aos múltiplos vazamentos, lembrou seus subordinados de que enviar mensagens por aplicativos de criptografia, como Confide ou Signal, viola as normas internas. A CNN, por sua vez, acrescentou que Spicer instruiu os presentes a não compartilharem informações sobre a reunião, tampouco sobre os agressivos esforços para conter a recente onda de vazamentos da Casa Branca.

Spicer teria ficado particularmente frustrado após a imprensa antecipar, na semana passada, a decisão de Trump de nomear Mike Dubke para o cargo de diretor de Comunicações. Tanto a CNN quanto o ?Politico? citam ?várias fontes? anônimas como base de suas informações. O porta-voz se recusou a comentar sobre a reunião com sua equipe.

Desde que assumiu o poder em janeiro, Trump mantém uma tensa relação com os meios de comunicação e jornalistas, a quem já chamou de desonestos e ?inimigos do povo?. Desde sexta-feira, uma série de ações intensificou ainda mais a batalha. Primeiro, a Casa Branca vetou a participação de cinco grandes veículos em uma coletiva. Em seguida, o presidente anunciou que não participaria do jantar anual dos correspondentes em abril, rompendo uma tradição de décadas.