RIO ? Uma das cantoras portuguesas do século XX mais importantes vai ganhar uma (merecida) homenagem neste fim de semana. Além de um espetáculo com pérolas do seu repertório, a rainha do fado Amália Rodrigues é a estrela da exposição “Amália: Saudades do Brasil”, que reúne recortes de jornal, fotos, documentos históricos e obras de artistas contemporâneos, como Vik Muniz e Francesco Vezzolli, inspirados na cantora falecida em 1999. Os dois eventos acontecem neste sábado, na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca.
? Em Portugal, desde o berço que nos acostumamos a ouvir Amália! Ela sempre fez parte das nossas casas, das nossas famílias ? diz o fadista Jorge Fernando, que a acompanhou durante anos e ostenta o privilégio de ser o único a ter gravado um dueto com a cantora, “Ai, vida”. Amália Rodrigues e Jorge Fernando – ‘Ai, vida’
Chamado de “pai do fado moderno”, desde 1994 Jorge Fernando vem experimentando com o gênero. Além de introduzir instrumentações que não fazem parte do fado tradicional, ele também já realizou cruzamentos entre a música portuguesa e estilos como o rap e o soul. Mas para o show deste sábado ? que terá apenas uma apresentação ? ele vai se concentrar em um repertório clássico.
Em “Cantar Amália”, que estreou com lotação esgotada no Olympia, em Paris, ele procurou selecionar músicas que façam o público matar as saudades de Amália. A única composição moderna é sua: o dueto “Ai, vida”. Mas o toque contemporâneo estará presente também em nomes da nova geração, como Pedro Moutinho e Fabia Rebordão, prima de cantora (“Ela tem o ADN amaliano”, brinca o músico).
? Tocar com a Amália era uma experiência tremenda, não só no Brasil, como em todos os países que visitamos. Mas aqui, temos a vantagem de nos sentirmos em casa, portanto é muito mais enriquecedor ? conta Jorge, que acompanhou a cantora em shows em importantes casas, como o Canecão, o Anhembi (São Paulo) e o Teatro Castro Alves (Salvador).
Quem não puder comparecer à Grande Sala da Cidade das Artes terá até o dia 4 de dezembro para visitar a exposição, que ocupa a galeria de terça a domingo, das 10h às 18h. Entre as curiosidades, há uma carta do ator Anthony Quinn convidando Amália para participar de um filme que o ator de “Zorba, o grego” estava desenvolvendo, além de fotos dos dois ao lado do diretor de musicais Blake Edwards e do ator e cantor francês Gilbert Bécaud, em Cannes.
O Brasil é um capítulo à parte na vida de Amália e mereceu atenção especial por parte da curadoria. Além de ter vivido no país por dois anos, foi durante uma viagem de avião para o Rio de Janeiro que ela leu os primeiros versos que viria a transformar em um fado, “As penas”, de Fernando Caldeira. Também foi aqui que ela gravou seu primeiro poema, “Corria atrás das cantigas”. 
SERVIÇO
Exposição ?Amália: Saudades do Brasil?
Onde: Cidade das Artes ? Galeria. Avenida das Américas, 5300 – Barra da Tijuca.
Quando: 05/11 a 04/12, terça a domingo, das 10h às 18h.
Quanto: Gratuito.
Classificação: Livre
Espetáculo ?Cantar Amália?
Onde: Cidade das Artes ? Grande sala. Avenida das Américas, 5300 – Barra da Tijuca.
Quando: 05/11, sábado, às 20h.
Quanto: De R$ 50 a R$ 160.
Classificação: Livre
