Cotidiano

Candidatura do peemedebista Marcelo Castro preocupa Planalto

BRASÍLIA – A definição da bancada do PMDB pela candidatura do deputado Marcelo Castro (PI) à presidência da Câmara gerou incômodo no Palácio do Planalto, que ainda avalia como proceder diante do fato. Para auxiliares do presidente interino Michel Temer, Castro é um ?ícone? da ala dissidente do partido, que se manteve contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff até o último momento.

Segundo auxiliares de Temer, Marcelo Castro não tem um histórico de afinidade com o PMDB, nem com o presidente interino. Além disto, confrontou a resolução do partido, em março deste ano, que determinou o desembarque do governo Dilma e proibiu os peemedebistas de ocuparem cargos na gestão da petista. Por haver contrariado a decisão, Castro se tornou alvo de processo de expulsão na Comissão de Ética do PMDB, que ainda está sob análise.

? Qualquer um no PMDB seria melhor que o Marcelo Castro para o governo. É claro que preocupa, porque não se sabe ainda o que isto significa para o governo ? disse uma fonte do Planalto.

Para assessores do governo, há digital do ministro do Esporte, Leonardo Picciani, na articulação da candidatura de Castro. O ministro era líder do PMDB na Câmara quando o impeachment tramitava na Casa e também se posicionou contra o processo, apesar da determinação da bancada a favor do afastamento de Dilma.

Na Câmara, Picciani comandava a ala do PMDB mais alinhada à petista e que confrontou Temer. Do outro lado, estavam cerca de 20 deputados entre os 66 do PMDB que trabalhavam pelo rompimento com Dilma Rousseff e que apoiavam Eduardo Cunha (PMDB-RJ), então presidente da Casa. Com a nomeação de Picciani para o Ministério do Esporte, o Planalto esperava mitigar sua influência sobre a bancada para unificá-la e aproximá-lo de Temer. Mas, com a candidatura de Castro, surgiu a preocupação com uma possível dissensão interna e com as consequências que isto pode trazer.

? O principal ?suspeito? por trás da candidatura do Marcelo Castro é o Picciani. Vamos ver até que ponto isto significa um movimento rebelde contra o governo do presidente Michel. Como a eleição já é amanhã, há pouco tempo para tirar essas conclusões. Vamos correr contra o tempo para ver que se é possível fazer algo ? afirma um interlocutor do Planalto.

Apesar de não querer interferir diretamente na disputa pela presidência da Câmara para evitar sequelas, há no governo quem defenda que o PMDB apresente outra candidatura para se contrapor à de Marcelo Castro. A proposta será avaliada por auxiliares de Temer e, se levada adiante, deverá ser feita de forma discreta.