Cotidiano

Campus Party organiza batalha de robôs em São Paulo

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SÃO PAULO ? Uma arquibancada lotada olhava atenta para uma arena cercada de vidro: dentro dela, dois robôs vão um ao encontro de outro com o objetivo simples de destruir o adversário. A cena futurista gerava uma reação primitiva dos torcedores: ?Destrói! Destrói! Destrói!?. No segundo dia da Campus Party, o festival nerd focado em inovação e tecnologia, o destaque foi o início da disputa pelo ?Ultimate Combat Robot?, campeonato que reúne estudantes de engenharia de todo o país.

As máquinas são divididas em duas categorias: peso-leve, de até 27,2 kg, e peso-pena, que admite robôs até 13,6kg. São 22 times na disputa em batalhas com duração de até 3 minutos. Eles são construídos dentro de faculdades e institutos de tecnologia pelo país, com ajuda ou não de professores.

Lucas Eder, de 21 anos e no terceiro ano de Engenharia Mecatrônica na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), é o capitão da equipe Thunderatz, fundada há 16 anos por alunos da faculdade. O time trouxe dois competidores-robôs, entre eles o ?K-Torze?, projetado e construído em 2014 e modificado desde então. Para se proteger dos ataques, parte dele é revestido de kevlar, produto utilizado na fabricação de coletes à prova de bola.

Batalha de robôs na Campus Party

Outro robô, o ?Cérbero?, foi construído pela equipe Trincabotz, formada pelos estudantes de engenharia do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Minas Gerais e conta com um disco de aço giratório. Revestido de alumínio aeronáutico, o Cérbero pode chegar a até 30 km/h.

O capitão da Trincabotz é Douglas Piva, de 19 anos. Para ele, o objetivo de um evento como esse na links campus party Campus Party, que se repete desde 2014 – ficou de fora apenas no ano passado -, é aproximar um público leigo de temas como engenharia e robótica.

? Mais pais, mais alunos, mais crianças. Dá para aprender engenharia, dá para aprender robótica com uma coisa que parece brincadeira ? disse.

A brincadeira, Piva ressalta, é séria. Cada robô pode custar de R$ 15 a R$ 20 mil e são construídos em oficinas das faculdades, às vezes sem muito apoio. Os projetos costumam durar anos para se transformarem em realidade. Começa com a concepção do que os competidores chamam de premissas do robô, como seu estilo ofensivo, defensivo, agilidade ou, mais diretamente, poder de destruição.

Para transformar a ideia em um robô de verdade, é preciso dinheiro: quase todas as equipes tem uniformes recheados de patrocinadores que topam bancar as máquinas.

O ?K-Torze?, do Thunderatz, da Poli, tem duas rampas e sua arma é um disco capaz de girar 7 mil vezes por minuto, semelhante a uma serra elétrica. O torneio na Campus Party serve para disseminar o esporte: durante o ano, dois outros campeonatos são disputados, ambos em São Paulo, com representantes de toda América Latina.

? Na última competição, nós fomos a equipe que mais ganhou troféus. Mas aqui a gente conhece todas as outras equipes, somos amigos fora da arena. A gente costuma falar: amigos fora, dentro, só respeito ? disse Lucas Éder, da Thunderatz.

A arena da batalha de robôs fica na área gratuita da Campus Party, que ocorrerá até o domingo no Pavilhão de Exposições do Anhembi.

* Estagiário, sob supervisão de Flávio Freire