Cotidiano

Cabos eleitorais de Crivella, Freixo e Jandira quase se agridem em debate que teve Pedro Paulo como alvo

P_20160918_160732.jpg

RIO ? Um debate realizado pela Agência de Notícias das Favela (ANF) com candidatos a prefeito do Rio, na Mangueira, na tarde deste domingo, quase terminou em agressões físicas entre simpatizantes da campanha de Marcello Crivella (PRB) e apoiadores de Marcelo Freixo (PSOL) e de Jandira Feghali (PCdoB). Ausente do encontro que aconteceu no Museu do Samba, o candidato do PMDB, Pedro Paulo, foi alvo praticamente único das críticas dos demais concorrentes. Alessandro Molon (Rede), Cyro Garcia (PSTU) e Carmem Migueles (Novo) também compareceram, enquanto Índio da Costa (PSD), Carlos Osório (PSDB) e Thelma Bastos (PCO).

O ambiente esquentou no Museu do Samba sempre que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi citado pelos candidatos, Na plateia de cerca de 200 pessoas, mais de 70% eram apoiadores de Crivella, que teve a claque mais numerosa e barulhenta. Em menor número, simpatizantes de Jandira puxaram algumas vezes o grito de “Fora Temer”. Em alguns momentos, Crivella, que votou a favor da abertura do processo de impeachment no Senado, foi chamado de “golpista” por eleitores de Jandira e de Freixo.

Em um dos momentos de maior exaltação dos ânimos, com gritos e bate-boca, coube a Crivella pedir calma a seus cabos eleitorais no microfone.

? Peço aos que me apoiam que se manifestem, mas mantenham a calma. Vamos respeitar nossos concorrentes, respeito todos que estão aqui na mesa comigo. Até porque, qualquer um aqui da mesa que ganhe será melhor do que o Pedro Paulo como prefeito ? disse Crivella.

E foi esta a tônica das falas dos candidatos sobre os temas de cultura, educação, saúde, segurança e infraestrutura. De acordo com as regras do debate, não houve perguntas diretas de candidato para candidato, e também houve acordo prévio de não haver ataques pessoais entre os presentes.

PROMESSAS E PROPOSTAS PARA AS FAVELAS

Os seis candidatos presentes responderam a perguntas feitas por moradores de favelas e fizeram promessas e propostas para a parcela mais pobre da população carioca. Alessandro Molon disse que garantir escola a 100% das crianças cariocas é sua primeira prioridade.

? No primeiro dia do meu governo, vou começar a tomar as providências para que haja creche e escola para todos. Há uma déficit grande. E, até o fim do mandato, implementarei tempo integral em todas as escolas municipais. Mas não tempo integral só até as 14h, como acontece na atual prefeitura ? prometeu.

Ao responder sobre transporte, Jandira Feghali afirmou que trabalhará por uma nova regulamentação do transporte alternativo e prometeu ampliar os beneficiados do passe livre nos ônibus municipais.

? Transporte complementar, como o mototáxi, não pode ser tratado como bandido. Vou estender o passe livre a mulheres beneficiárias do Bolsa Família, trabalhadores informais, desempregados, alunos de toda a rede pública e cotistas das universidades ? disse a candidata do PCdoB. ? A atual prefeitura foi capturada pelas empresas de ônibus.

A FAVOR DO IMPEACHMENT, CRIVELLA ELOGIA ?OCUPA MinC?

Marcelo Freixo (PSOL) aproveitou para, além de criticar a atual administração, alfinetar Jandira, cujo partido compôs o governo Eduardo Paes até abril.

? É estranho que tem gente que só descobriu que a prefeitura está nas mãos das empresas de ônibus agora na eleição. Tem gente que só é contra remoção (Crivella prometeu no debate não fazer remoções em seu eventual governo) agora, mas nunca esteve na Vila Autódromo como eu estava ? disse Freixo. ? Eu nunca estive com o PMDB, e quero derrotá-los para fazer um Rio mais barato e mais justo, ouvindo os moradores das favelas.

Criticado por aliados de Freixo e Jandira por ter sido a favor do impeachment de Dilma, Crivella acabou se declarando favorável ao movimento Ocupa MinC, que ocupou a sede do Ministério da Cultura no Rio, e em seguida o Canecão, nos últimos meses, para protestar contra o presidente Michel Temer. Perguntado sobre o movimento, Crivella disse que não sabia o que era o Ocupa MinC, recebeu rápido resumo de Freixo, que estava sentado a seu lado, e respondeu:

? Sou plenamente favorável, foi um movimento democrático e tem meu respeito. O ministério da Cultura não podia acabar, tem que ter um lugar de destaque. Se eu ganhar a eleição, 1% do orçamento da prefeitura será destinado para a Cultura ? prometeu o candidato do PRB.