Cotidiano

Brasil não deve ser afetado por protecionismo de Trump, diz diplomata brasileiro

2012102364392.jpg

RIO – O diplomata brasileiro Marcos Troyjo, que integra o Conselho Consultivo do Fórum Econômico Mundial, disse que a política protecionista do novo presidente americano Donald Trump e a possibilidade de novos aumentos da taxa de juros americana não trazem risco à economia brasileira. Troyjo, no entanto, condicionou a ausência de impacto de um possível aumento da taxa nos EUA à melhora da atividade econômica brasileira e que, do ponto de vista comercial, o Brasil não seria afetado pela política protecionista de Trump porque a relação com o país norte-americano tem peso pequeno na economia brasileira.

? Do ponto de vista comercial, o Brasil não será afetado. Mas não é para soltar rojões. É por uma razão ruim. Nosso comércio com os EUA é muito baixo, temos déficit comercial com ele, inclusive. As energias da Casa Branca estão tão voltadas para México e China que não sobram olhos para interromper parcerias com outros países ? analisou Troyjo, em evento on-line promovido pela Amcham Brasil (American Chamber of Commerce for Brazil), na manhã desta segunda-feira.

Teme, no entanto, que a promessa de Trump de investir na infraestrutura do país, modernizando-a, pode diminuir a entrada de capital estrangeiro no Brasil:

? Como sabemos, o Brasil encontra-se em situação macro frágil e a capacidade de investimento do setor público é baixo. Vamos precisar de grande montante de capital estrangeiro e, nessa política do Trump querer modenizar a infraestrutura do país, ele inclusive diz que os aeroportos americanos estão sucateados, isso pode diminuir as chances de capital estrangeiro vir para cá.

Sobre os riscos de a taxas de juros americanas seguirem subindo, causando desvalorização do real, o diplomata entende que o governo brasileiro pode neutralizar esse efeito na moeda local diminuindo o risco país.

? O aumento das taxas de juros são um processo pré-Trump, que automaticamente faria com que mais capitais se direcionassem ao tesouro americanos, pressionando por uma desvalorização do real. Mas, se por um lado você aumenta a taxa de juros nos Eua, você pode neutralizar isso dominuindo o risco país, com o real fortalecendo.