Cotidiano

BC não está ansioso para baixar juros no curto prazo, diz economista

SÃO PAULO – O comunicado divulgado após a manutenção da Selic em 14,25% mostrou que no plano de voo do Banco Central não existe ansiedade para baixar os juros agora ou no curto prazo. A avaliação é da economista Tatiana Pinheiro, do banco Santander. Para ela, com base no texto do BC, a flexibilização da política monetária só deverá ser iniciada quando a pressão inflacionária se reduzir, especialmente nos alimentos, e quando medidas como a PEC que limita os gastos do governo forem aprovadas pelo Congresso.

? O comunicado do BC é bastante claro e extenso. Além de citar que a inflação vem recuando em ritmo mais lento que o esperado, o texto também diz que as incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia permanecem. Na minha avaliação, isso sinaliza que o BC só vai iniciar quando pelo menos a PEC dos gastos do governo estiver bem encaminhada no Congresso e quando a inflação ceder com mais força. Não existe ansiedade para baixar os juros agora ou no curto prazo ? analisa a economista.

Para ela, o BC deixou claro que para o início do ciclo de queda de juros começar não bastam apenas ‘expectativas’ de que as medidas de ajuste fiscal serão aprovadas, mas é preciso que ela se concretizem de fato. Pinheiro não acredita que o final do processo de impeachment, com a saída definitiva da presidente Dilma Rousseff, tenha alguma influência sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) e acelere a queda de juros.

? O impeachment não está entre os fatores que o Copom vai considerar para baixar os juros, como mostrou o comunicado. Não tem importância na decisão de política monetária.

No cenário traçado pelo Santander, os juros deveriam começar a cair em agosto, mas a previsão agora indica que o ciclo de queda deve começar em novembro. O banco espera que a pressão inflacionária vinda dos alimentos comece a arrefecer em setembro.

? Acreditamos que a baixa de juros começa em novembro com uma redução de 0,50 ponto percentual e a Selic terminaria o ano em 13,75%. Ao final de 2017, acreditamos que a Selic possa cair a 10% – disse a economista.

Para a inflação, a previsão é que o IPCA encerre o ano em 7% e chegue a 5,2% em 2017, ainda um pouco acima do centro da meta, que é de 4,5%.