Cotidiano

Autorizadas bariátricas no HU

A 10ª Regional de Saúde de Cascavel, com aval da Secretaria Estadual da Saúde, autorizou o HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) a realizar cirurgias bariátricas a partir deste mês pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A autorização é válida até que saia o credenciamento do Ministério da Saúde, em trâmite desde 2014.

O caminho para o credenciamento é longo. Desde 2012 são realizadas reuniões em grupo no hospital que tratam sobre obesidade. Hoje, cerca de 100 pessoas estão ativas nesses grupos e contam com o apoio de equipes multidisciplinares.

Ainda em 2013, um passo importante: o início de atendimento no ambulatório de cirurgia-geral do HU de pacientes obesos. Em março de 2014, o começo do processo de credenciamento do hospital para a realização de cirurgias bariátricas na Secretaria da Saúde. Em outubro de 2015 o processo foi encaminhado ao Ministério da Saúde, que apenas em abril de 2016 realizou vistoria necessária no hospital para identificar a disponibilidade de equipamentos e materiais. Porém, no fim do ano passado todo o processo travou, principalmente por conta da mudança de gestão no Ministério, hoje nas mãos de Ricardo Barros.

“O processo de credenciamento percorreu várias instâncias até que no fim de 2016 o Ministério da Saúde solicitou alguns documentos, que foram encaminhados, e foi aí que tudo mudou. Com a mudança de ministro, praticamente reiniciamos o processo neste ano. Hoje, o que temos é a autorização do Estado pela 10ª Regional de Saúde para que possamos começar as cirurgias e receber por via administrativa”, explica o médico Allan Cezar Faria Araújo.

Sem prazos definidos

Segundo o Ministério da Saúde, não há prazo determinado para o credenciamento, já que os documentos ainda estão em análise. Em relação ao aporte financeiro às cirurgias bariátricas, o ministério afirma que todos os meses a verba é repassada em um bloco para os procedimentos de média e alta complexidades. Ano passado, R$ 16,6 milhões foram encaminhados ao Paraná pelo governo federal. De janeiro até o início deste mês, os repasses somam R$ 15,3 milhões.

“Os recursos seguem ao Estado e aos municípios e podem ser utilizados em qualquer tipo de cirurgia, inclusive a bariátrica. Não existe um valor específico pago a esse procedimento, visto que quem define o quanto será encaminhado [do bloco] à bariátrica é o gestor local”, explica a assessoria do Ministério da Saúde. A estimativa por serviço, conforme Allan Araújo, é de aproximadamente R$ 6 mil.

Fila de espera

De acordo com o médico Allan Cezar Faria Araújo, a fila por cirurgias bariátricas é por ordem cronológica. Ou seja, o paciente procura uma unidade básica de Saúde e, se possuir os padrões de obesidade é encaminhado ao serviço de atenção especializada no HU. “Atualmente, há uma fila de espera de 200 a 300 pacientes, porém, essa fila é subestimada, pois a maioria da população de obesos graves não tem essa mobilidade de ir à UBS, se credenciar e estar referendado pela Regional de Saúde. Essas dificuldades podem ser sociais ou físicas e o impedem de ter acesso à cirurgia pelo SUS”, explica Araújo.

Em Cascavel, as cirurgias bariátricas pelo SUS são feitas desde 2010 no Hospital São Lucas. A média de procedimentos desde o início de 2017 é de quatro por semana. Até agosto foram 115 cirurgias.

Pandemia

Considerada uma preocupação mundial, Cesar Araújo define a obesidade como uma pandemia. “Atualmente, 50% da população está acima do peso, 20% estão obesas e de 3% a 5% são obesos graves. Em contrapartida, apenas 1% tem acesso à cirurgia bariátrica e pelo SUS é menos ainda, chegando a 0,20%. Isso é o mesmo que dizer que a cada 400 pacientes apenas um consegue fazer a cirurgia, um volume muito pequeno para o País”.

A estimativa é de que até o fim deste ano sejam feitas 100 mil cirurgias em todo o Brasil, e, destas, apenas 10 mil serão pelo SUS. “Isso significa que 25% da população que tem um plano de saúde estão nesses 90%. Outros 75%, que dependem do SUS, têm acesso a 10% dos procedimentos”, lamenta Araújo.

Quem pode fazer?

Para passar por uma cirurgia bariátrica o paciente é acompanhado por no mínimo dois anos pelas equipes do serviço de obesidade do HU. O pré-operatório, segundo Cesar Araújo, prepara a pessoa para o procedimento. Encaixam-se nos grupos cirúrgicos pacientes com IMC (Índice de Massa Corpórea) acima de 35 com comorbidades – patologias que estão associadas à obesidade como diabetes, hipertensão, problemas ósseos articulares, depressão e doenças cardiopulmonares.

“O paciente é muito bem avaliado antes da cirurgia, pois é preciso induzir mudanças no ambiente social dessa pessoa para obter o melhor resultado”, explica o médico.

Depois da cirurgia, o hospital monitora o paciente por dois anos e, em casos em que a perda de peso se comprova, é oferecida cirurgia plástica reparadora.