Cotidiano

Ator de ?Relatos selvagens? é nova aposta do cinema argentino

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BUENOS AIRES ? Ele ainda não é um Ricardo Darín, mas está chegando lá. Após brilhar em ?Relatos selvagens? (2014), de Damián Szifrón, como o dono do carrão que briga na estrada no episódio ?O mais forte?, Leonardo Sbaraglia viu sua carreira deslanchar dentro e fora do país.

No ano passado, foi escolhido para atuar na série ?O hipnotizador?, da HBO, falada em espanhol e português. Estrelou a primeira temporada e vai rodar a segunda em setembro. Neste mês, terminou de filmar em Buenos Aires o longa ?No final do túnel?, coprodução argentino-espanhola dirigida por Rodrigo Grande, em que vive um cadeirante. Agora, se prepara para estrear ?O silêncio do céu?, do paulista Marco Dutra, junto com a atriz Carolina Dieckmann. E, enquanto isso, está de volta aos cinemas da Argentina com o filme ?Sangue na boca? (ainda sem previsão de estreia no Brasil), interpretando um atormentado lutador de boxe em crise existencial.

? Me senti atraído pelo personagem desde o começo. É um cara simpático, alegre, mas muito complicado. Conversei com boxeadores aposentados, conheci suas casas e histórias de vida. Foi fascinante ? diz Sbaraglia, que começou a atuar na TV local em séries muito famosas na Argentina na década de 1980, como ?Clave de sol?.

?Sangue na boca?, dirigido pelo argentino Hernán Belón e coproduzido por Argentina e Itália, mostra o personagem mergulhado num mundo definido pelo ator como ?violento, difícil e desafiante?. A história de seu personagem, Ramón Ávila, se desenvolve nos subúrbios de Buenos Aires e está permeada pela tensão ao redor de um homem de 40 anos que não sabe o que fazer com sua vida.

? Gostei da história porque ela me permitiu falar de coisas que são importantes para mim. A paixão, a passagem do tempo, a crise dos 40. É um filme intenso ? conta o diretor.

A primeira cena mostra o que devia ser a última luta de Ramón, consagrado campeão sul-americano de boxe. O lutador parecia decidido a abandonar o ringue em plena glória, pressionado pela mulher, Karina (vivida pela italiana Erica Banchi). O passo seguinte deveria ser abrir uma loja de produtos esportivos e trocar as lutas pela rotina de comerciante. Mas fica claro que o projeto traçado por Karina não convence Ramón.

? Ele está no fim da carreira e não consegue assumir isso. É difícil o esportista aceitar que sua vida útil é curta, uns conseguem muito bem, como Mike Tyson, que está brilhando em seus stand-ups, outros não ? pondera Sbaraglia, que atravessou um longo treinamento para adquirir a massa corporal de um lutador.

POSIÇÕES POLÍTICAS

Foram vários meses de preparação, junto com Eva De Dominici, escolhida para ser Débora, a jovem que termina por desencadear uma tsunami na cabeça de Ramón. Os dois se conhecem no clube onde o lutador treina e vivem um romance vertiginoso, com tórridas cenas de sexo.

? Ramón tenta uma segunda oportunidade. Quer seguir lutando, voltar a se apaixonar. Ele resiste a virar um aposentado, vive uma grande ilusão e acaba batendo com a cabeça na parede ? conta o ator, de 46 anos.

Sbaraglia tornou-se um nome grande no cinema argentino, mas nos últimos meses também foi notícia por suas posições políticas e, principalmente, por defender o kirchnerismo. O ator sempre mostrou-se próximo da ex-presidente Cristina Kirchner e atualmente critica abertamente o governo do presidente Mauricio Macri, entre outras coisas por aumentar tarifas públicas. ?Esse governo tem uma lógica feroz?, declarou recentemente.