Capanema Os atingidos pela construção da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu permanecem acampados no canteiro de obras e garantem que só deixam o local depois que um acordo com o Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu for assinado. São mais de 35 horas de protesto, com aproximadamente 100 pessoas, entre elas mulheres, crianças e idosos, que impedem a entrada e saída de funcionários desde a segunda-feira (5).
Os manifestantes reivindicam a correção do caderno de preços que determina o valor pago às indenizações das terras a serem alagadas durante a construção da barragem. O índice exigido pelos atingidos é de 22,59%, com base na inflação de 2013 – quando os preços foram estabelecidos – a 2016. Eles julgam o aumento necessário principalmente pela valorização da saca da soja, que chegou a atingir R$ 100 neste ano. Além disso, as famílias pedem que sejam adquiridas as áreas destinadas aos assentamentos. Dois locais foram apresentados pelos atingidos, um em Corbélia e outro em Catanduvas. Queremos um acordo, e até que isso não aconteça, vamos permanecer acampados, diz o agricultor Sidinei Martini. Segundo ele, toda essa situação gera um desconforto entre as famílias. Todos estão indignados e não vemos outra solução a não ser pressionar da forma que estamos fazendo, relata. O consórcio, por sua vez, composto pelo grupo Neoenergia e Copel, não se posicionou sobre o protesto.
Segundo Sidinei Martini, a expectativa era de que o governo estadual acenasse, até a tarde de ontem, alguma possibilidade de negociação com o consórcio, já que faz o papel de intermediador. O secretário especial para Assuntos Fundiários, Hamilton Seriguelli, que representa o governo estadual, novamente não retornou às ligações do O Paraná.
Barrados
Conforme o Sintrapav (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no Estado do Paraná) há uma negociação com os atingidos para que seja dada continuidade nos serviços, interrompidos desde a tarde de segunda-feira (5). O MAB [Movimento dos Atingidos por Barragem] invadiu a obra, proibindo o pessoal que estava trabalhando de sair do canteiro e os demais de entrar, diz o presidente do Sindicato em Cascavel, João Carlos. O nosso papel é fazer com que pelo menos liberem a saída desses profissionais, ressalta. Até o fim da tarde de ontem nenhuma atividade havia sido retomada e as famílias não autorizaram a entrada e a saída dos trabalhadores.