Cotidiano

ArtRio inicia a sua 6ª edição com aposta nas galerias brasileiras

INFOCHPDPICT000012118022RIO ? Seria inevitável citar a crise, ainda mais quando se fala em mercado de arte, um termômetro global das variações de temperatura financeira. Mas Brenda Valansi, diretora da ArtRio, cuja sexta edição acontece de 29 de setembro a 2 de outubro no Píer Mauá, Zona Portuária da cidade, está otimista. Para se acomodar ao estado atual das coisas, fez uma aposta nas galerias brasileiras: elas são 59, de um total de 73 participantes. O número é ainda menor que o de 2015 (foram 80), ano em que Brenda decidiu adequar o evento à situação econômica desfavorável.

? Não tem como esquecer que ela (a crise) existe, mas a gente está superando. Vamos fazer uma grande feira. Há dois anos, quando a situação econômica do Brasil estava piorando, resolvemos vir num crescente de apostar mesmo nas galerias brasileiras. Este ano isso é mais forte. Inclusive, das 19 galerias que participam pela primeira vez do evento, 11 são daqui.

Se a feira este ano perdeu galerias importantes como Victoria Miro e White Cube (ambas de Londres) e Mayoral (de Barcelona), recebe pela primeira vez duas americanas, Gary Nader e Rudolf Budja (as duas de Miami) e quatro argentinas, entre elas Praxis e Quimera, ambas de Buenos Aires. A alemã GAM, de Dusseldorf, e a suíça Espace_L, de Genebra, também estreiam no evento.

A lista das novatas inclui as cariocas Movimento Arte Contemporânea, TAL Art (localizada na Antiga Fábrica da Bhering), Tramas Arte Contemporânea, Cavalo e Um Galeria de Arte (que apresentará um projeto solo de Sonia Andrade, pioneira da videoarte no Brasil). As duas últimas são algumas das galerias inauguradas neste ano no Rio, o que, segundo Brenda, atesta o fato de que a atividade vai bem:

? Tivemos um momento de glória, antes da crise, que foi atípico. Agora voltamos ao mercado de antes desse momento, em que as coisas acontecem sim, funcionam. As pessoas que já compravam continuam comprando, e outras estão começando a adquirir. Dentro dessa crise, o mercado brasileiro se mostrou um mercado maduro e que não deixou de ser um bom investimento. Os preços das obras não caíram, o que pode ser verificado nos leilões, cujos preços são abertos.

Outra aposta de Brenda é na vinda de colecionadores e art advisers (consultores de arte) de outros estados do país e do exterior. Cerca de 30 foram convidados pela ArtRio. Ela espera, com a presença desses profissionais, como o brasileiro Danniel Rangel, radicado em Los Angeles, não só incrementar as vendas, como divulgar o seu papel na montagem de coleções, algo muito comum nos Estados Unidos e na Europa, mas pouco conhecido aqui.

? A arte brasileira teve forte projeção no mercado internacional nos últimos anos. Vamos aproveitar o momento tão favorável e investir nos colecionadores e consultores ? diz.

JACARANDÁ ORGANIZA PALESTRAS

A feira este ano perdeu metade do armazém 1 para o Google, que alugou o espaço para instalar ali o YouTube Space, estúdio de criação de conteúdo para o YouTube. A outra metade funcionará como bilheteria e serviços variados. Os armazéns 2 e 3 receberão a seção Panorama, de galerias consolidadas no mercado. O 4 será dividido entre as galerias mais jovens, da mostra Vista, e a feira Ida, de design.

? Conversei com as galerias para fazer uma feira linda, com obras importantes. Isso impacta diretamente na vontade da pessoa de comprar. É muito mais fácil vender coisas muito boas do que medianas ? diz Brenda.

A necessidade de enxugar e a concentração nas vendas fez com que, diferentemente de outros anos, não haja as seções curatoriais, como o Solo. Mas outras atividades permanecem. Como a mostra ?Intervenções?, que será inaugurada no dia 27 nos jardins do Museu da República, com entrada gratuita. O braço de arte pública da ArtRio tem este ano curadoria de Isabel Sansón Portella e participação de artistas como Raul Mourão, Barrão, Ernesto Neto, José Bechara e Carlos Bevilacqua. Também serão mantidos seminários e palestras, coordenados, nesta edição, pelo Arte Clube Jacarandá.