As perseguições e as pressões que nós sofremos depois que começamos a trabalhar no jornal ?Meydan? são tão graves que dá para fazer parte dos livros didáticos. Pedindo licença dos meus amigos, só para vocês terem uma ideia, resumirei o que nós sofremos durante o processo:
– Eu fui convocados para delegacia várias vezes e provavelmente todos os funcionários da Delegacia de Bakirkoy me conhecem.
– Eu parei de contabilizar as acusações e investigações sobre mim.
– Nunca faltou as ameaças nas redes socias.
– Mesmo sabendo que esse jornal será encerrado, trabalhamos o máximo possível, até a
última edição do jornal.
– Emitiram um mandato de prisão para meu nome por causa da uma ação judicial, que sequer
consta no sistema UYAP (sistema de processos jurídicos)
– Tentaram, de todos dos jeitos, destruir o jornal economicamente.
– Na quarta-feira passada fui detido. A poicial foi truculento comigo ao me algemar no chão
na frente dos meus amigos.
– Nosso jornal foi lacrado. Foi proibido entrar nele, inclusive para os funcionários.
– No último dia, estávamos trabalhando normalmente quando os policiais vieram.
– Eu só fiquei sabendo assim que havia um mandato de prisão contra mim.
– Não consigo mais acreditar que estes últimos acontecimentos fazem parte de um processo
judicial.
– Não gostaria de ser detido mais uma vez pelas mesmas evidências, pois perdi a minha fé na
existência da justiça na Turquia. Tomara que eu não tenha razão nisso.
– Eu decidirei me reunir com os meus colegas e as pessoas que eu gosto para tomar uma
decisão.
– Eu somente fiz jornalismo e isso é suficiente para mim! Eu me posicionei contra o golpe,
podem conferir pelas manchetes e pelos artigos que fizemos no jornal.
– A minha consciência está muito tranquila, não importa se eu vou ao depoimento ou não, se
eu serei preso ou não.
– Sou jornalista e jornalismo não é crime. Não faço parte de nenhuma organização.
– Ver a humilhação e descrédito do jornalismo crítico que trabalha para o bem do interesse
publico me deixa triste.
– As pessoas que vão escrever xingamento abaixo desse tweet. Eu não posso responder vocês
usando a mesma linguagem. Quando a realidade dos fatos forem reveladas e quando vocês
perceberem que a morte de tantas pessoas inocentes poderia ser evitada nesses conflitos,
não denunciarei o que vocês tinham escrito para mim.
– Agradeço a todos que me apoiaram e fizeram oração. Estou em paz comigo. Não perdi minha
fé em que veremos dias melhores.
– Lamento pelos meus colegas que estão sendo detidos e desejo a paciência as suas famílias.
– Mando abraços os meus colegas de trabalho. Foi uma honra para mim trabalhar com eles.
– Digo que meu Destino tinha isso, aceito com prazer.
Levent Kenez é diretor do jornal ?Meydan?