Cotidiano

Área livre e sem vacinação só pode acontecer em 2021

Mais uma campanha da vacinação se inicia hoje em todo o Paraná

Toledo – Se tem uma data que deixa os pecuaristas paranaenses apavorados só de lembrar ela remete ao mês de outubro de 2005. Sem registros de febre aftosa por anos, naquele mês o registro de casos no estado vizinho Mato Grosso do Sul, onde mais de 40 mil animais foram abatidos com dezenas de diagnósticos, voltou a assombrar o Paraná.

Animais doentes do estado vizinho foram trazidos para sete propriedades diferentes paranaenses. A maioria nas regiões noroeste e norte e que exigiram o abate de 1.781 cabeças após o contato dos infectados com os animais que estavam sadios. A notícia apavorou os pecuaristas e trouxe uma dura lição: há 12 anos o Paraná voltou a vacinar seus rebanhos e nunca mais conquistou alguns mercados internacionais de carne, além da bovina a suína, que, apesar de não ser atingida pelo vírus, sofre um efeito cascata dos problemas sanitários.

Há mais de uma década o Paraná sofre prejuízos milionários, mas agora a cadeia produtiva vive um processo de contagem regressiva para que se torne, enfim, área livre da doença e sem vacinação.

Hoje muitos estados, como o Paraná e o Mato Grosso do Sul, são considerados áreas livres, pois desde os fatídicos anos de 2005 e 2006 nenhum outro caso foi registrado em todo o território nacional, mas ambos precisam vacinar seus rebanhos duas vezes por ano.

É pensando nessa área livre e sem a imunização que começa hoje em todo o Paraná mais uma campanha de vacinação contra a doença. Desta vez, todos os bovinos e os bubalinos, independente da idade, precisam receber a vacina. São 9,4 milhões de animais, sendo que quase 1 milhão deles estão na região oeste – 342 mil no Núcleo Regional de Toledo e 630 mil no Núcleo Regional de Cascavel. O prazo de vacinação termina dia 30 deste mês. “Enquanto existirem as campanhas vamos vacinando, lembrando que são duas por ano, uma em maio, quando são imunizados os rebanhos com até dois anos de idade, e outra em novembro, quando todos recebem a vacinação”, reforça o coordenador do Programa de Febre Aftosa da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), Walter Ribeirete.

O longo caminho

As autoridades em sanidade animal no Paraná sabem que se tornar livre de aftosa e sem vacinação é uma questão de tempo, mas essa espera vai demorar anos, pelo menos até 2021, que é quando se espera, efetivamente, que a Organização Mundial de Saúde Animal vá elevar esse status ao Paraná. Até lá, sabe-se que há um caminho árduo a ser percorrido.

Em janeiro de 2018 o Estado vai passar por uma auditoria do Mapa (Ministério da Agricultura, da Pecuária e do Abastecimento). O protocolo estipulado pelo próprio Ministério, quando lançou a chancela para todo o País, é para que se torne livre da doença, considerando este status nacional, em 2021. “Nem arrisco apostar numa data para que sejamos de fato erradicados da doença, mas a suspensão da vacinação está prevista, se tudo correr dentro do esperado e como o esperado, para 2021, só que o cronograma para todo esse processo prevê até 2026, ou seja, pode demorar mais ou menos tempo”, explica o coordenador Walter Ribeirete.

A importância de vacinar e confirmar a imunização

Cascavel – Neste ano alguns segmentos ligados ao campo uniram forças e estão reforçando o estímulo aos pecuaristas para que vacinem seus rebanhos. Em algumas regionais, a campanha será lançada nesta manhã, como é o caso de Cascavel.

No Núcleo Regional da Adapar são 630 mil cabeças a terem suas doses aplicadas e o pontapé que marca o início da vacinação ocorrerá em uma propriedade rural a cerca de 1,5 quilômetro do aeroporto de Cascavel, num ato às 9h de hoje.

De modo geral, as regras seguem as mesmas dos outros anos. Segundo a veterinária da Adapar Luciana Regina Riboldi Monteiro, a multa para cada animal não imunizado é de cerca de R$ 100. Além de vacinar, o produtor terá que informar a imunização sob ameaça de ser fiscalizado em sua propriedade se essa confirmação não ocorrer até o dia 30 deste mês. Além da fiscalização e da multa, o produtor terá de fazer a imunização assistida pelos técnicos da agência de defesa sanitária.

“Cada dose da vacina custa em torno de R$ 1,50, ou seja, é muito melhor comprar, aplicar em seu rebanho do que ficar sujeito à multa e à fiscalização”, reforça a veterinária.

“O intuito é ter uma cobertura bastante grande e comprovar que estamos aptos a enfrentar esse desafio e ficarmos livre da doença e da vacinação”, completa.

Vale lembrar que a comprovação da vacinação só pode ser feita nas unidades veterinárias, na Adapar ou nos escritórios locais de atendimento. Em Cascavel, por exemplo, a confirmação pode ser feita na sede da Adapar, na Rua Antonina, ou no escritório de atendimento no Distrito de Junivópolis. “Mas em todos os municípios há um escritório para o recebimento das comprovações”, assegura.