Cotidiano

Ao lançar candidatura, Rosso diz que reforma da Previdência proposta pelo governo não será aprovada

rosso.jpgBRASÍLIA ? Usando uma camisa da Chapecoense e sugerindo a criação de museu para o clube, o candidato do PSD à presidência da Câmara, Rogério Rosso, fez nesta segunda-feira um lançamento virtual de sua candidatura no Facebook. Em um discurso de quase 40 minutos, defendeu as reformas trabalhista e tributária, mas disse que a da Previdência, que é a grande prioridade do governo Michel Temer, não será aprovada.

? Todas as questões têm de ser enfrentadas, mas sem açodamento. A reforma da Previdência que o governo enviou não vai ser aprovada, não vai ter mais de 308 votos do jeito como foi enviada para a Casa. Ela vai sofrer alterações. Se eu for presidente, a questão da Previdência vai ser colocada, mas sem atropelos. A Câmara já tem projetos nesse sentido ? disse.

Rosso também aproveitou a oportunidade para propor a criação de mais um ministério, o da Segurança Pública. Ele afirmou que a área está um ?caos? e que as rebeliões que deixaram dezenas de mortos nos últimos dias foram uma ?tragédia anunciada?. Rosso disse que a criação do ministério se daria ?sem aumento de despesa?, mas não explicou como isto ocorreria.

O deputado recebeu críticas por seu figurino e foi acusado de ?demagogia? por um dos internautas que questionou o fato de estar usando um símbolo de comoção nacional em uma ocasião que não guarda relação com a tragédia.

Sobre as questões internas da Câmara, o deputado propõe que as votações comecem mais cedo e sejam limitadas até as 21h, para evitar as deliberações durante a madrugada, alvo de críticas da sociedade. Ele disse que sua principal bandeira será ?aproximar a Câmara da sociedade? e defendeu a interação pelas redes sociais. Disse que, em sua gestão, não ocorrerá a construção do ?Parlashopping? que Eduardo Cunha tentava levar adiante e afirmou que um dia de sessão por semana será dedicado a votar matérias de autoria dos parlamentares, para que a Câmara não atue apenas em reação às propostas do Executivo. Defendeu uma cláusula de desempenho com transição e um plebiscito em 2018 para que o novo Congresso trate da reforma política.

Durante sua fala, alguns internautas pediram a saída do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que foi alvo de críticas por parte de Rosso. Ele afirmou que a Casa hoje funciona apenas de forma ?reativa? ao governo e disse que, em sua eventual gestão, voltará a ter protagonismo. Ele reclamou ainda da condução de Maia na elaboração das pautas:

? O que tenho visto nos últimos meses são as pautas feitas de última hora, textos e relatórios para votarmos de última hora, e isso não é bom. Precisamos de um planejamento melhor e isso é o presidente que faz ? afirmou.

Ao final, Rosso fez um ?apelo? por um debate entre os principais candidatos e disse se tratar de uma eleição ?atípica?, já que, na prática, o presidente da Câmara terá um papel análogo ao do vice-presidente da República. Ele lamentou a judicialização da disputa.

? A insistência do Rodrigo Maia gerou ações no Supremo Tribunal Federal e gerou uma insegurança jurídica sem precedentes, com muita instabilidade institucional.

Tentando turbinar uma imagem de novidade na política, finalizou a transmissão anunciando que lançará um videoclipe de uma música com sugestões de palavras do público sobre como acreditam que a Câmara deve ser.

? Sou músico, sou advogado e estou político.

Na semana passada o GLOBO mostrou que dirigentes do PSD, partido liderado por Rosso na Câmara, já admitem, reservadamente, que a tendência do partido é apoiar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao cargo. Nos últimos dias, deputados que procuraram a cúpula da legenda receberam sinal verde inclusive para negociar com Maia espaços de direção da Câmara.