Cotidiano

Alunos quebram o silêncio e relatam insegurança constante no campus do Fundão

RIO – A morte de Diego Vieira Machado, estudante da UFRJ, no último sábado, jogou luz a um problema antigo enfrentado pelos alunos do Fundão: a falta de segurança. Agora eles resolveram quebrar o silêncio e denunciam o cenário violento de umas principais universidades do país.

Isabella Tupper, 22 anos, estudante de Letras

“Ando em constante desespero ao ver tantas meninas universitárias convivendo com o mesmo medo: estupro. Não temos a quem recorrer, nos sentimos totalmente desprotegidas”. Morte na UFRJ – 04/07

X., 19 anos, estudante de Medicina

“O assédio é o que mais me apavora. Uma vez um cara tentou me agarrar num corredor. Estava tudo vazio. Achei que fosse morrer ali. Não tive nem coragem de olhar para a cara dele. Só conseguia pensar em chegar em algum lugar seguro”.

Helena Martins, estudante de Educação Física

“Tenho medo por mim enquanto mulher de sofrer violência na UFRJ. Para as negras e LGBTs, com certeza é uma situação mais grave. Há todos os dias o perigo de circular livremente pelo campus, pois falta segurança, transporte e iluminação adequadas para garantir que a gente não sofra violência. Tem um descaso com esses temas por parte tanto do governo quanto da reitoria. Mas não é só isso, a postura opressora também de alguns professores, que reproduzem o machismo, racismo e LGBTfobia também é um elemento que reforça a nossa insegurança na própria faculdade”.

Luiz Fernando Leitão, 23 anos, estudante Engenharia Eletrônica

“Ninguém está imune a um assalto. A violência é endêmica e histórica na nossa cidade. O problema é a inoperância da UFRJ. Há um descaso total. Há falta de segurança, de iluminação. À noite é um perigo. Mesmo que dê para ir a pé, os alunos preferem pegar o ônibus interno, principalmente perto do hospital, com medo da violência. Você nunca sabe o que pode acontecer. A próxima vítima pode ser você”.

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