Cotidiano

Aliados justificam nas redes voto contra cassação de Cunha

Marun.jpgRIO ? Depois de ser eleito em primeiro turno como presidente da Câmara em 2015 com 267 votos, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) viu seu poder se esvair na noite de segunda-feira: apenas 10 deputados se posicionaram contra sua cassação, em oposição aos 450 votos que fizeram com que o ex-parlamentar se torne inelegível até 2027. Para justificar a posição minoritária e impopular, alguns políticos que votaram junto com Cunha usaram as redes sociais, citando principalmente sua atuação como presidente da Câmara.

Um dos maiores defensores do deputado cassado, Carlos Marun (PMDB-MS) compartilhou a imagem de um artigo publicado na segunda-feira pelo jornal ?Folha de São Paulo?, no qual afirma que o ex-companheiro de parlamento ?merece um julgamento justo, livre dos anseios de vingança que movem muitos dos que querem cassá-lo?. Nesta terça-feira, o deputado agradeceu o apoio e as críticas ?construtivas? recebidas, dizendo que dormiu triste, ?mas em paz? com a própria consciência.

O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) explicou em uma série de sete tuítes o porquê de seu voto. Além de citar as agendas semelhantes (?a ideologia de gênero foi arrancada do PNE ? diminuição da maioridade penal votada ? a agenda abortista foi barrada?, lista ele, em uma das mensagens), o deputado também defende o ex-colega por sua atuação no impeachment de Dilma Rousseff:

?Dilma foi afastada mas pode se candidatar nas próximas eleições, Eduardo Cunha, responsável pelo impeachment não pode?, diz a última mensagem, que, até o fechamento desta reportagem, foi compartilhada 103 vezes.

Dâmina Pereira (PSL-MG) publicou uma nota em seu perfil no Facebook criticando companheiros que usaram a votação de com olho nas eleições de outubro e ?aproveitaram os holofotes para divulgar seus mandatos?. Ela ainda defendeu o período em que o deputado cassado esteve na presidência da Câmara, classificado pela parlamentar como ?a gestão mais proveitosa?.

Carlos Andrade (PHS-RR) preferiu não escrever uma justificativa, mas repetiu o mesmo texto a cada comentário negativo em sua página: ?O deputado Eduardo Cunha foi de suma importância para Roraima. Grande parte do crescimento do estado deve-se ao seu apoio. Não sou a favor da corrupção. Sou a favor de quem está do lado do meu estado?.

Vomitaço - nomes apagados.jpgCRÍTICAS E ?VOMITAÇOS?

As páginas de Júlia Marinho (PSC-PA) e Arthur Lira (PP-AL) foram alvo de protestos conhecidos como ?vomitaços?, quando internautas compartilham em série uma figura que vomita um líquido verde. Paulinho da Força (SD-SP), um dos integrantes da ?tropa de choque? de Cunha, também foi alvo do mesmo tipo de protesto, mas optou por não responder às provocações e divulgou mensagens de apoio a candidatos do seu partido, o Solidariedade.

Os deputados Jozi Araújo (PTN-AP), Wellington Roberto (PR-PB) e João Carlos Bacelar (PR-BA) se encontram em situação semelhante: os três votaram contra a admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara e foram contrários à inabilitação de Eduardo Cunha, além de preferirem manter silêncio sobre o motivo que os levou a apoiar o ex-presidente da Câmara.