Cotidiano

Alegando estar quebrado, Paulo Roberto Costa vai depor a Moro por vídeoconferência

SÃO PAULO – O juiz Sérgio Moro autorizou, em despacho desta quinta-feira, o delator e ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, a prestar depoimento na Lava-Jato por meio de vídeoconferência no próximo dia 10 de março. A defesa do delator alegou que Costa não tem dinheiro para bancar as passagens aéreas e comparacer presencialmente à audiência na Justiça Federal de Curitiba. Costa será ouvido como testemunha de acusação em processo da operação Calicute contra o ex-governador Sérgio Cabral, sua mulher Adriana Ancelmo e mais 11 pessoas respondem por corrupção e lavagem de dinheiro.

?Ocorre que o comparecimento geraria grande dispêndio em virtude dos altos valores das passagens aéreas, não tendo hoje condições de arcar com essas dispesas, em virtude da grave dificuldade econômica em que toda família se encontra, somando ainda o fato, de suas contas bancárias ainda encontrarem-se bloqueadas?, informa a petição da defesa de Costa assinada pelos advogados João Mestieri e Fernanda Pereira.

Assim como Costa, a também delatora Tânia Maria Fontenelle, ex-executiva da Odebrecht que pertencia ao setor de operações estruturadas da empresa ? mais conhecido como departamento de propina ? também vai falar a Moro por meio de vídeo. A defesa de Fontenelle, de 72 anos, argumentou que ela tem idade avançada, o que dificultaria a viagem até o Paraná.

Após firmar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, o delator devolveu cerca de 79 milhões que estavam em contas no exterior para a Petrobras, assim como carros e lancha. Moro ainda não se pronunciou sobre o pedido de Costa.

DELATOR REVELOU FUNCIONAMENTO DO ESQUEMA

Ex-diretor da Petrobras, Costa foi condenado por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele revelou como funcionava o esquema de corrupção da Petrobras e o modo como empreiteiras pagavam propina a partidos políticos e agentes públicos em troca de contratos com a estatal.

No total, Costa passou cerca de cinco meses presos. O acordo de delação foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal no dia 30 de setembro de 2014 e ele foi libertado no dia seguinte, quando passou a cumprir prisão domiciliar por um ano, com tornozeleira eletrônica.

Em outubro do ano passado, Costa progrediu para o regime semiaberto, ainda com uso de tornozeleira e obrigatoriedade de permanecer em casa à noite e nos fins de semana. Desde então, já podia trabalhar e viajar, desde que autorizado pela Justiça.

O acordo previa que ele poderia permanecer até dois anos nesta condição. Porém, ficou apenas um, já que foi considerada a efetividade do acordo. Ou seja, as informações prestadas por Costa foram essenciais para o desenrolar da Lava-Jato.