Cotidiano

Acordo de leniência da Odebrecht pode ser o maior do mundo

2015 835833077-2015 835706796-odebrecht.jpg_20150724.jpg_20150725.jpgSÃO PAULO – Investigadores dos Estados Unidos e da Suíça trabalham com autoridades brasileiras para finalizar as tratativas com a Odebrecht para o que será possivelmente o maior acordo de leniência do mundo, disseram à Reuters pessoas envolvidas nas negociações.

Mais de 80 executivos e funcionários da Odebrecht estão negociando acordos de delação premiada e um acordo de leniência para a companhia no âmbito da operação Lava Jato. Em troca, eles precisam depor sobre o papel central do conglomerado no enorme esquema de pagamento de propina em contratos com a Petrobras.

Odebrecht

O acordo de leniência deve ser o maior já realizado no mundo em termos financeiros, disseram duas fontes, superando o acordo de 2008 no qual a alemã Siemens pagou 1,6 bilhão de dólares a autoridades norte-americanas e europeias por pagar propinas para obtenção de contratos governamentais.

DELAÇÕES PODEM ENVOLVER MAIS DE 100 POLÍTICOS

As delações podem envolver mais de 100 políticos atuais e do passado, alguns dos quais já investigados pela Lava Jato, disseram as fontes. É provável que a investigação atinja autoridades de alto escalão do governo do presidente Michel Temer.

O acordo também vai expor atos irregulares em muitos dos 27 países em que a Odebrecht realizou projetos, disseram à Reuters duas fontes envolvidas nas negociações. Isso pode “dar origem a 100 novas investigações”, disse uma fonte.

Autoridades norte-americanas estão envolvidas porque parte do dinheiro usado como propina pela Odebrecht passou por bancos dos EUA e também por projetos realizados pela empreiteira em território norte-americano.

Investigadores dos EUA buscam informações sobre cidadãos norte-americanos ou empresas que podem ter cometido crimes em acordos com a Odebrecht.

O governo suíço concordou no mês passado em dar informações a autoridades brasileiras sobre transações financeiras realizadas por executivos da Odebrecht dentro de contas secretas na Suíça. Autoridades dos EUA e Suíça concordaram em cobrar somente multas, sem tempo de prisão, para quaisquer executivos da Odebrecht, deixando para a Justiça brasileira determinar eventuais penas de prisão, disse uma das fontes.

MARCELO ODEBRECHT

Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, cumpre atualmente uma pena de 19 anos de prisão após ter sido condenado por corrupção neste ano. A sentença será reduzida se um acordo de delação premiada for finalizado.

A Procuradoria-Geral da Suíça confirmou ter enviado uma equipe ao Brasil no mês passado “com objetivo de coordenar as ações mútuas dentro do panorama dos procedimentos criminais em curso”. Não foram dados mais detalhes.

O Departamento de Justiça dos EUA se negou a comentar sobre o assunto.

O procurador da força-tarefa da operação Lava-Jato Carlos Fernando dos Santos Lima confirmou à Reuters que negociações da operação muitas vezes envolveram os governos dos EUA, da Suíça e de outros países, mas não deu detalhes.

Lima disse que as diversas jurisdições onde a Odebrecht supostamente cometeu crimes diminuíram conversas que tiveram início no primeiro trimestre deste ano.

A finalização das delações premiadas e do acordo de leniência da Odebrecht envolve diversas etapas. Investigadores devem primeiramente aceitar a continuação dos acordos com base nos depoimentos por escrito dos advogados de cada executivo, sobre o que querem divulgar.