O ano 2020 foi bastante produtivo para a UEM (Universidade Estadual de Maringá), no quesito inovação tecnológica, que fechou o ano com 15 patentes concedidas pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), um recorde para a instituição de ensino superior. Ao todo, entre janeiro e dezembro do ano passado, a UEM registrou 17 solicitações ao órgão federal, que é vinculado ao Ministério da Economia.
A Seti (Superintendência estadual Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) tem direcionado recursos e articulado iniciativas para criar um ambiente favorável ao desenvolvimento de empresas inovadoras, assim como a transferência de conhecimento da comunidade acadêmica para o setor produtivo empresarial. Lançado em dezembro do ano passado, o Prime (Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado) é um dos exemplos dessas ações.
“O objetivo é estimular os pesquisadores das universidades estaduais, entre estudantes, professores e agentes universitários, e promover a difusão científica e tecnológica”, afirma o coordenador de Ciência e Tecnologia da Seti, Paulo Renato Parreira. “Esperamos fomentar a cultura empreendedora, a partir de pesquisas de impacto, assegurando patentes e proteção a esses estudos, que futuramente podem ser licenciados para empresas, gerando trabalho, renda e desenvolvimento sustentável”, acrescenta.
Medicamentos
A patente “Composições Farmacêuticas com Derivados de Quinoxalina para Tratamento da Doença de Chagas e Leishmaniose” é de titularidade conjunta entre a UEM, a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e a empresa GSK (Glaxosmithkline Brasil Ltda). Tem como um dos inventores Celso Vataru Nakamura, professor aposentado do DBS (Departamento de Ciências Básicas da Saúde) da UEM, que atua como voluntário nos PCF (Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas) e no PBC (Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas).
A invenção é um antiparasitário avaliado in vitro em Trypanosoma cruzi (protozoário causador de Chagas) e Leishmania amazonensis (parasita responsável pela leishmaniose); além de ter sido verificado se a substância seria ou não nociva a células de mamíferos. “Os medicamentos disponíveis para Chagas e Leishmaniose são extremamente tóxicos, então há necessidade de busca de novos compostos que possam ser utilizados nos tratamentos”, afirma o professor Celso.
Meio ambiente
A patente “Processo de Separação e Reciclagem Química de Embalagens Multicamadas” desenvolve uma tecnologia inovadora de reciclagem química do politereftalato de etileno (o popular PET), proveniente de embalagens multicamadas de alimentos, tais como salgadinhos industrializados, bolachas recheadas e café embalado a vácuo. Essas embalagens são compostas por dois tipos de plástico e alumínio, e há certa dificuldade em fazer a reciclagem na forma convencional, o que gera prejuízos ao meio ambiente.
A professora Silvia Luciana Fávaro, chefe-adjunta do DEM (Departamento de Engenharia Mecânica) da UEM e docente do PEM (Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica), explica que o processo utiliza hidrólise básica, ou seja, quebra de moléculas a partir da presença de água e hidróxido de sódio. “Com esta reciclagem, as embalagens multicamadas, que levam muitos anos para se decompor, não seriam mais jogadas em lixões e aterros sanitários. Desenvolvemos a tecnologia em escala de laboratório e agora precisamos de investimento para criar esse processo em escala industrial”, destaca.
Outras patentes concedidas no final de 2020 são: “Fármaco Tirosol à Base do Fungo Diaporthe helianthi” e “Resina Dental Livre de Bisfenol-a e de Baixo Conteúdo Lixiviável”. Para consultar e conhecer todos os projetos do Portfólio de Tecnologias da UEM, clique aqui.
Inovação
Criado em 2008, o NIT (Núcleo de Inovação Tecnológica) da UEM tem como finalidade gerir a política institucional de inovação e propriedade intelectual. Vinculado à PPG (Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação), o NIT fomenta a inserção da universidade no processo de inovação nacional, colaborando para o desenvolvimento sustentável, a geração de riqueza e a melhoria da qualidade de vida da população.
A unidade também promove a proteção do conhecimento gerado na UEM e viabiliza a interação da instituição de ensino superior com o setor produtivo, para propiciar a transferência de tecnologias, contribuindo com o desenvolvimento tecnológico e social do País.
Fonte: AEN