Cotidiano

Vazamento pode levar a anulação de delações, diz Gilmar Mendes

BRASÍLIA ? O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu nesta terça-feira a possibilidade de anulação de delações premiadas que vazarem antes da homologação. Ao ser perguntado por jornalistas sobre a delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que veio a público semana passada, o ministro afirmou que é preciso discutir com seriedade os vazamentos e que será ?inevitável? alterar a lei que regula as colaborações premiadas

? Claro que ela trouxe benefícios, mas vai precisar ser ajustada. Tudo que leva a esse empoderamento leva a abusos. Hoje tem disputas entre o Ministério Público e a Polícia Federal para quem vai ter acesso, porque eles sempre atribuem os vazamentos à outra parte. Teria que pensar alguma coisa que levasse a uma anulação (em caso de vazamento). Como se fosse uma prova ilícita, pelo menos da denúncia ser recebida, ou coisa do tipo ? disse o ministro.

O ministro afirmou que ?é possível? anular delação após vazamentos, mas o caso dos depoimentos da Odebrecht ainda terá que ser decidido pelo relator da Lava-Jato no Supremo, ministro Teori Zavaski:

? Tem que ser examinado. Tem que se examinar, o próprio relator tem que analisar.

Gilmar Mendes também comentou o pedido do presidente Michel Temer para a Procuradoria-Geral da República (PGR) acelerar os depoimentos da delação da Odebrecht. Para ele, o que é importante é esclarecer os vazamentos.

? A Procuradoria montou uma força-tarefa de cem procuradores, são cem possibilidades de vazamento a mais. Nós estamos falando de crime. Essa coisa de vazar algo que não correspondeu ao sigilo funcional é crime.

Gilmar disse que sugerir o impeachment do colega Marco Aurélio Mello foi uma ?blague? (brincadeira, piada) e que isso é ?página virada?.

*Estagiário, sob supervisão de Francisco Leali