Cotidiano

Unioeste suspende biotério central e paralisa pesquisas

Pesquisas e aulas dos cursos da área da saúde da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) estão ameaçadas com a suspensão por tempo indeterminado das atividades do Biotério Central, local onde são criados e mantidos os ratos e os camundongos que servem como base para experimentação animal.

Ontem a coordenadora do Biotério Central, Sabrina Grassiolli, publicou memorando que justifica a suspensão: “Considerando os drásticos cortes orçamentários feitos pelo governo do Estado e, portanto, a insuficiente verba disponível para a manutenção das atividades […] estão suspensas a reprodução, a manutenção e a distribuição de animais, ração e maravalha pelo biotério central”.

A suspensão afeta os campus da Unioeste de Cascavel, Toledo, Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu e Marechal Cândido Rondon.

Segundo Sabrina, não há “nem um real para comprar ração”. O estoque de alimento aos animais está escasso e só dura mais uma semana.

Caso o Estado não repasse recursos para a compra de ração, centenas de animais vão morrer de fome até o fim da semana que vem. “O setor administrativo da Unioeste tem ajudado na medida do possível, mas não consegue fazer mais nada porque não tem dinheiro”, lamenta a coordenadora.

Na tentativa de evitar as mortes dos animais, docentes tiram dinheiro do próprio bolso para bancar o biotério. Sabrina conta que ontem, antes de suspender as atividades, teve de comprar jaleco e bota para um servidor. Os R$ 140 gastos com o material foram pagos pela coordenadora. “Falta muita coisa. Não têm papel toalha, saco de lixo, alimento aos animais, nem papel higiênico. Os docentes já perderam as contas de quantas vezes tiveram de comprar esses materiais para conseguir trabalhar”, diz Sabrina.

Os atendimentos e as aulas na Clínica de Odontologia da Unioeste também estão ameaçados e podem parar a qualquer momento.

A reportagem tentou contato com a assessoria da Unioeste, mas ninguém atendeu às ligações.

Gratificações irregulares

Na contramão do corte de atividades de pesquisa e falta de manutenção de despesas básicas, como papel higiênico, chama a atenção a luta que a Reitoria da Unioeste tem travado tanto com TCE-PR (Tribunal de Contas do Estado) quanto com governo do Estado, recusando-se a cumprir determinações e mantendo centenas de cargos comissionados ilegais e pagamentos de gratificações irregulares, em valores que passam de R$ 30 milhões por ano.

Ontem, nova recomendação do TCE trata de pedido de regularização de uma ordem de 2015, já transitado em julgado, para regularização de desvios de função de diversos cargos.

A Reitoria tem argumentado que os cargos irregulares são mantidos devido à falta de contratação de concursados, mas não explica as gratificações irregulares mantidas há muitos anos, mesmo com as diversas recomendações para que o pagamento fosse cessado.

O governo do Estado diz que tenta compor os salários para fazer a integração do Meta4, que finalmente permitirá um controle maior da folha, até então restrito à própria instituição.