Cotidiano

Uma de cada quatro famílias nega a captação de órgãos

De janeiro a agosto deste ano, a OPO (Organização de Procura de Órgãos) de Cascavel efetivou 77 doações. Mas esse número poderia ser bem maior não fossem as recusas familiares. No período, 108 famílias foram entrevistadas para autorizar a doação de órgãos de um ente que teve diagnóstico de morte encefálica, e 27 nem sequer consideraram a hipótese.

Muitos justificam a recusa por não saber qual era a vontade da pessoa que morreu ou então por ainda levar em consideração crenças relacionadas à doação de órgãos.

A coordenadora da OPO Cascavel, Patricia Duarte, lembra que, apesar de a decisão acontecer em um momento de luto, os familiares precisam levar em conta a importância desse gesto de solidariedade: “Geralmente, as famílias que negam a doação dizem que não sabiam a opinião do ente que faleceu sobre o assunto ou se baseiam em mitos que não são verdadeiros”, explica a coordenadora.

E é exatamente para esclarecer essas e outras dúvidas que neste mês de setembro, que marca o Dia Nacional da Doação de Órgãos, lembrado hoje, Patricia faz questão de dar uma dica essencial para reduzir os índices de recusa: “É simples! Basta falar à família que você tem o desejo de se tornar um doador de órgãos. Não precisa deixar documentado ou constar na Carteira de Identidade ou na CNH, como era antigamente. É necessário apenas falar sobre o assunto com os familiares”.

O objetivo principal dessa conversa, segundo ela, é zerar o índice de recusas, que até agosto estava em 25%.

Outros motivos

Além das recusas familiares, outros fatores podem impedir a doação de órgãos. Contraindicações clínicas, pacientes que faleceram em decorrência de parada cardiorrespiratória ou doenças pré-existentes, excluem o doador. Esses três casos corresponderam, de janeiro a agosto, a 53 pacientes que faleceram e não tiveram seus órgãos reaproveitados.

Transplantes

Depois da autorização familiar, a corrida contra o tempo começa. Testes de compatibilidade são feitos em quem está na fila de espera por um transplante. No Paraná, 1.641 pessoas estão nessa situação, a maioria delas aguardando um rim – 1.284 no total. O restante se divide em fígado (216), coração (35), rim/pâncreas (27), pâncreas (9) e córneas (70).

Em Cascavel são realizados transplantes de fígado, rins, córneas, ossos e pele. Já os de coração são feitos em Curitiba. O único procedimento realizado fora do Paraná é o transplante de pulmão. Por aqui ainda não há hospital credenciado para isso e, quando necessário, o receptor é encaminhado a uma unidade no Rio Grande do Sul ou em São Paulo.

Desde janeiro, a OPO Cascavel registrou 178 transplantes de órgãos e tecidos, 99 de córnea, 47 de fígado, 29 de rim e três de coração. Nesses casos, o doador não é necessariamente do Município, já que a fila de espera por um transplante é única e atende a todo o Estado.