WASHINGTON ? Em um importante encontro diplomático, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o premier de Israel, Benjamin Netanyahu, se reúnem pela primeira vez nesta quarta-feira desde que o republicano foi eleito no ano passado. Os dois líderes deverão discutir o antigo conflito entre israelenses e palestinos, enquanto crescem as expectativas sobre qual posição o republicano firmará para uma solução de dois Estados. A política foi apoiada, durante a maior parte dos últimos 50 anos, pelos sucessivos governos americanos, republicanos e democratas, mas, desde que Trump chegou à Presidência, porém, afirma que os EUA são um firme aliado de Israel.
Na terça-feira, um alto funcionário da Casa Branca disse que os Estados Unidos não insistirão em uma solução de dois Estados no Oriente Médio. Por sua vez, Netanyahu já disse que não vai deixar que “nenhuma brecha” seja ignorada no encontro.
? Uma solução de dois Estados que não traga a paz é um objetivo que ninguém busca alcançar ? disse a fonte, que não quis ser identificada. ? A paz é o objetivo, seja sob a forma de uma solução de dois Estados ? se for o que as partes querem ?, seja outra coisa ? se as partes quiserem. Vai ser um problema deles. Não vamos ditar os termos da paz.
O premier israelense passou a maior parte de terça-feira junto ao embaixador de Israel nos EUA, Ron Dermer, e outros conselheiros de alto escalão, se preparando para a visita ao Salão Oval. O único evento do dia foi uma reunião noturna com o secretário de Estado americano, Rex Tilerson.
? Não vai haver nenhuma omissão, nenhuma brecha ? disse um assessor do premier enquanto seguia para a capital americana.Quatro assuntos cruciais no encontro inaugural de Trump e Netanyahu
MOMENTO DE CAUTELA
As declarações vêm no momento em que Netanyahu estuda com cautela se apoia ou não a solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina. O premier se comprometeu, com condições, a adotar a política em um discurso de 2009, e de maneira geral vem reiterando essa meta desde então. Mas, dadas a instabilidade regional e as divisões já antigas na política palestina, muitos membros do seu Gabinete argumentam que o momento não é oportuno para o surgimento de um Estado palestino.
Em reação à polêmica, palestinos alertaram Trump para que não abandone a solução de dois Estados.
? Se o governo Trump rejeitar esta política, estará destruindo as chances de paz e minando interesses americanos, sua situação e sua credibilidade no exterior ? disse Hanan Ashrawi, veterana da Organização pela Libertação da Palestina (OLP). ? Satisfazer os elementos mais extremos e irresponsáveis em Israel e na Casa Branca não é maneira de se fazer uma política externa responsável.
Já Husam Zomlot, conselheiro de assuntos estratégicos do presidente palestino, Mahmoud Abbas, observou que a criação de um Estado palestino está há tempos no cerne dos esforços de paz mundiais.
? A solução de dois Estados não é algo que simplesmente inventamos. É um consenso e uma decisão internacional depois de décadas de rejeição de Israel à fórmula democrática de um Estado ? disse Zomlot.
É a primeira vez que Netanyahu, líder de uma coalizão de direita, se encontra com um presidente republicano na Casa Branca. Ele chegou a se encontrar com Trump quando o bilionário ainda era candidato à Presidência. As esperanças do premier são de melhorar a relação com o governo americano sob o comando de Trump, que já de vários sinais claros de uma postura favorável a Israel. Desde que o republicano chegou ao poder, o governo israelense já aprovou a expansão dos assentamentos de judeus com milhares de novas casas.
Netanyahu e Barack Obama não tinham uma relação próxima, e ela ficou ainda mais distante depois que os EUA se abstiveram em uma votação no Conselho de Segurança da ONU que condenou os assentamentos israelenses na Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Info – Assentamentos Israel
Durante a campanha presidencial, Trump assumiu uma postura abertamente pró-Israel. O republicano prometeu transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, fortalencendo a posição de David Friedman, indicado para o cargo de embaixador no país e um defensor dos assentamentos nos territórios ocupados.
No entanto, desde sua posse, o republicano abaixou o tom de seu discurso, uma mudança que pode ajudar o primeiro-ministro a manter em xeque os parceiros de coalizão ultranacionalistas que estão pedindo que faça pressão por uma agenda mais militante.
Em declarações públicas a seu Gabinete no domingo, Netanyahu pareceu pedir que a extrema-direita suavize suas expectativas.
? Compreendo que há muita animação sobre esta reunião. Mas minha preocupação primária é a segurança de Israel e ainda fortalecer nossa sólida aliança com os Estados Unidos. Cinco controvérsias provocadas por Netanyahu desde a chegada de Trump