WASHINGTON ? O presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu nesta quinta-feira seu polêmico decreto que proíbe temporariamente a entrada de refugiados em geral e cidadãos de sete países de maioria muçulmana. Enquanto o bloqueio é duramente criticado pela comunidade internacional, incluindo pelas Nações Unidas, o republicano destacou que a medida é essencial para assegurar a liberdade religiosa e tolerância. Anteriormente, a Casa Branca havia justificado a ordem executiva como uma providência necessária à segurança nacional.
Em um encontro com líderes religiosos e políticos, incluindo o rei Abdullah da Jordânia, Trump disse que quer evitar que uma ?formação de intolerância? se espalhe pelos Estados Unidos.
? O mundo está com problemas, mas vamos consertar. Certo? Isso é o que fazemos, eu conserto coisas ? afirmou o presidente.
O decreto suspende durante 120 dias o programa de refugiados dos EUA, proíbe indefinidamente a entrada de refugiados sírios, e impõe uma moratória de 90 dias para a entrada de cidadãos de Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen. A medida, de acordo com o magnata, busca proteger o país de ataques terroristas e provocou uma série de protestos e reações em tribunais.
? Nossa nação tem o sistema migratório mais generoso do mundo. Alguns se aproveitam da nossa generosidade para minar os valores que tanto apreciamos ? argumentou o presidente. ? Certas pessoas buscam entrar no país para estender a violência e oprimir outras pessoas por conta de sua fé ou estilo de vida. Isso não está certo.
No entanto, o bloqueio de Trump vem sendo, justamente, criticado por disseminar a intolerância e a discriminação religiosa. Na quarta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu que o presidente retire seu polêmico decreto anti-imigração. O ex-premier português também reforçou que um país tem o direito e a obrigação de controlar suas fronteiras para evitar a entrada de organizações terroristas. No entanto, as medidas adotadas para isso não podem se basear na discriminação religiosa, étnica ou nacional ? uma vez que estas discriminações provocam uma onde de ansiedade e revolta que podem, justamente, facilitar a propaganda terrorista.
Além disso, quatro estados americanos estão processando Trump por conta do decreto: Washington, Nova York, Massachussets e Virginia. As manobras legais destes estados são os mais recentes desafios contra as ordens executivas assinados por Trump na semana passada. A decisão do presidente provocou uma onda de protestos em massa nos EUA, além de críticas de vários países. As políticas adotadas pelo novo governo, já em seus primeiros dias, estão de acordo com as polêmicas promessas de campanha do republicano.
? No fundo, isto é sobre uma violação da Constituição. Discrimina pessoas por causa da sua religião e do seu país de origem ? declarou a procuradora-geral de Massachusetts, Maura Healey
Trump também minimizou os relatos de conversas tensas pelo telefone com outros líderes mundiais. Nesta quinta-feira, o ?Washington Post? disse que o republicano interrompeu abruptamente uma ligação com o premier australiano, Malcolm Turnbull.
? Acreditem em mim, não precisam se preocupar com as ligações que estou fazendo. Praticamente todas as nações do mundo estão se aproveitando de nós, e eu vou acabar com isso.