Cotidiano

?Tragédia anunciada?, diz membro da Pastoral Carcerária sobre Roraima

SÃO PAULO – O massacre que deixou pelo menos 33 presos mortos na madrugada desta sexta-feira na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, a maior de Roraima, é uma “tragédia anunciada” na opinião do vice-coordenador da Pastoral Carcerária Nacional, Padre Gianfranco Graziola.

Graziola, que acompanhou a situação dos presos no estado por quase 15 anos, relata que o presídio agrícola de Monte Cristo sofre com a superlotação e tem problemas na segurança.

– Com certeza uma tragédia anunciada porque houve a destruição completa do presídio, que é antigo, não tem condições de segurança. É bastante lotado e frágil – disse ele, que esteve no local pela última vez há cerca de um ano.

Agentes penitenciários informaram que o massacre foi resultado de uma brigada entre integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção que atua dentro e fora dos presídios paulistas, e simpatizantes do Comando Vermelho (CV). Graziola diz o problema das facções é um fenômeno recente no estado.

– Roraima até uns anos atrás não tinha essa questão das facções. Só que quando alguns presos considerados perigosos foram mandados para o presídio de Campo Grande voltaram os senhores do pedaço. É um cenário bastante complexo que se está criando num estado pequeno – afirma.

O vice-coordenador da Pastoral Carcerária Nacional também faz críticas aos governos federal e estaduais de forma geral e diz que a construção de presídios não é a solução para resolver a crise no sistema penitenciário no país.

– É um problema que se resolve com políticas públicas sérias que nem governo federal e estaduais estão querendo neste momento. O culpado é o Estado com suas incapacidades de intervir e ter propostas diferentes daquelas punitivas.