Cotidiano

Texto revela que Churchill acreditava na existência de ETs

LONDRES ? Um recém-revelado ensaio escrito por Winston Churchill mostra que o líder britânico previa a possibilidade de vida alienígena em planetas orbitando estrelas que não o Sol. O rascunho do artigo de 11 páginas foi concebido às vésperas da Segunda Guerra Mundial, em 1939, e atualizado nos anos 1950, décadas antes de os astrônomos descobrirem os primeiros dos chamados planetas extrassolares nos anos 1990. Churchill também destacou questões que dominam o debate atual sobre vida extraterrestre, provando que o ex-primeiro-ministro ?argumentava como um cientista?, aponta análise do trabalho publicado na edição desta quarta-feira do periódico científico ?Nature?.

A busca por vida em outros mundos ganhou impulso nos últimos 20 anos com observações que sugerem que só a Via Láctea pode ter mais de 1 bilhão de planetas com tamanho da Terra que podem ser habitáveis. Churchill já seguia a mesma linha de pensamento há quase 80 anos, escrevendo que ?com centenas de milhares de nebulosas, cada uma contendo centenas de milhões de sóis, as chances são enormes de que deve haver um imenso número delas que tenham planetas cujas circunstâncias não fariam da vida impossível?. Ele também destacou a importância da água em estado líquido para a vida, dizendo que a temperatura em um planeta adequado teria que estar ?alguns graus entre os pontos de congelamento e de ebulição da água?. Os cientistas atuais estão mais ocupados do que nunca procurando por sinais de vida em ambientes assim, tanto no nosso próprio Sistema Solar quanto além no Universo, mas até agora não acharam nada.

O ensaio de Churchill provavelmente tinha a intenção de ser um artigo de ciência popular para um jornal, embora nunca tenha sido publicado. Famoso polímata, ele já tinha escrito artigos científicos semelhantes para jornais e revistas, incluindo um sobre energia de fusão em 1931. O ensaio escrito à máquina ?Estamos sozinhos no Universo?? foi desencavado no ano passado nos arquivos do Museu Nacional de Churchill dos EUA, em Fulton, Missouri, e repassado ao astrofísico Mario Livio para análise de especialista.

Em sua avaliação na ?Nature?, Livio elogia a clareza mental de Churchill, assim como seu apoio à ciência como uma ferramenta de política governamental. Churchill foi o primeiro primeiro-ministro britânico a empregar um conselheiro científico. ?Num momento em que muitos dos políticos de hoje rejeitam a ciência, é comovente lembrar um líder que se engajava nela tão profundamente?, escreveu Livio.

Já a visão de Churchill da vida na Terra na primeira metade do século XX, porém, estava longe de ser um mar de rosas: ?Eu, por outro lado, não estou impressionado o bastante pelo sucesso de nossa civilização aqui para pensar que somos o único lugar neste imenso Universo que contém criaturas vivas e pensantes, ou que somos o exemplo máximo de desenvolvimento mental e físico que surgiu na vastidão do espaço e do tempo?.