RIO ? Pesquisadores do Departamento de Energia do Laboratório Nacional Oak Ridge, no Tennessee, descobriram uma forma simples, confiável e barata para capturar dióxido de carbono diretamente da atmosfera, oferecendo uma nova opção para estratégias de captura e armazenamento de carbono na luta contra as mudanças climáticas.
A descoberta aconteceu por acaso. O estudo inicial pretendia testar um novo método de remover contaminantes, como sulfato, cromato e fosfato, da água. Para isso, os cientistas sintetizaram um composto simples conhecido como guanidina, que se prende aos contaminantes formando cristais, que são facilmente separados da água.
? Quando nós deixamos uma solução aquosa de guanidina ao ar livre, lindos cristais com formato de prisma começaram a se formar ? disse Radu Custelcean, coautor do estudo publicado no periódico ?Angewandte Chemie International Edition?. ? Após analisar sua estrutura com exames de raios-X, ficamos surpresos em descobrir que os cristais continham carbonato, que se forma quando o dióxido de carbono reage com a água.
Técnicas de captura e armazenamento de carbono estão entre as principais apostas para conter o aquecimento global. Atualmente, já existem projetos desse tipo em andamento, mas a maioria funciona com filtros nos pontos de liberação de gases-estufa, como plataformas e usinas a carvão. Métodos para a absorção de carbono diretamente da atmosfera ainda são um desafio.
Após a captura do dióxido de carbono, ele precisa ser liberado do composto para que o gás seja transportado por um duto e injetado no subsolo para o armazenamento. Materiais tradicionais de captura precisam ser aquecidos a até 900 graus Celsius para a liberação do gás, num processo que muitas vezes emite mais carbono do que foi removido.
? Pelo nosso processo, nós fomos capazes de liberar o dióxido de carbono aquecendo os cristais entre 80 e 120 graus Celsius, o que é relativamente pouco em relação aos métodos atuais ? disse Custelcean.
Após o aquecimento, o material retorna ao estado de guanidina original para nova captura. Nos testes em laboratório, o composto foi reciclado por três ciclos de captura e liberação de dióxido de carbono consecutivos.
Entretanto, Custelcean ressalta que são necessários mais estudos para o uso em escala da guanidina no processo de captura de dióxido de carbono. Além disso, os pesquisadores avaliam o uso de energia solar como fonte sustentável de energia para a liberação do carbono armazenado nos cristais.