Cotidiano

Superlotação: Saúde à beira do colapso

Com as duas suspeitas de morte por H1N1, as pessoas buscam mais por atendimento

Foto: arquivo
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Cascavel – Com a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) Tancredo chegando à sua taxa de ocupação máxima, ou seja, 48 pacientes internados na manhã de ontem e os hospitais de referência HU (Hospital Universitário) e São Lucas lotados, a situação da saúde em Cascavel é preocupante. “A situação é muito complicada. Essas 48 pessoas não estão todas esperando leito, muitas estão ali tomando medicamento e em 24 horas devem ter alta, mas ocupam um lugar e dependem da dedicação dos profissionais. Com as duas suspeitas de morte por H1N1, as pessoas buscam mais por atendimento. Os sintomas de dengue também assustam e isso faz com que os pacientes busquem atendimento. Na segunda-feira e na terça-feira, o aumento na procura por atendimento foi de 50 a 70% na UPA Tancredo, por exemplo,”, afirma o diretor técnico do Consamu (Consórcio Intermunicipal SAMU Oeste), Rodrigo Nicácio.

O médico demonstra ainda preocupação com os próximos meses, já que, com a queda das temperaturas, a busca por atendimento deve ser ainda maior: “Se agora a situação é essa, imagine no inverno, em que aumentam as doenças infecciosas, especialmente em criança e idosos. Isso somado à demanda normal de acidentes e acrescido desses pacientes que vêm com sintomas de gripe e dengue. Será um caos total”, prevê.

Problema regional

De acordo com o diretor técnico do Consamu, o problema não é exclusivo de Cascavel: “Todas as cidades que atendemos pelo Complexo Macro Regulador estão com dificuldades por conta da lotação. Foz do Iguaçu, Pato Branco, Francisco Beltrão e Toledo, todas sofrem com a mesma situação”.

A Secretaria de Estado da Saúde confirmou a lotação dos hospitais de referência de Cascavel, mas garantiu que não está havendo prejuízo na regulação de pacientes, que em casos específicos podem ser remanejados para outras regionais.

Hospitais particulares

Os hospitais particulares não confirmam superlotação, mas ao meio-dia de ontem o Siate teve dificuldades para encaminhar um paciente com plano de saúde a um hospital, após informado que não havia vagas nos pronto-socorros.

Demora nas UPAs

Com o maior número de pessoas internadas nas UPAs, o efeito dominó faz com que o atendimento de consultas seja mais lento: “É matemática lógica, quanto mais gente internada, mais atenção de médicos é necessária nesse setor. Logo, há lentidão no atendimento de porta [consultas]. Nos dias em que aumenta a procura por atendimento a situação fica muito pior. Na UPA Tancredo, nas segundas e nas terças-feiras há um aumento de equipe porque já é tradicional haver mais procura. Então aumentamos de quatro para cinco médicos”, explica Rodrigo Nicácio.

Demandas não urgentes

Rodrigo Nicácio afirma que esse aumento de demanda começou a ser registrado nos últimos 15 dias. Com mortes por H1N1 e casos de dengue que se multiplicam – o Estado confirmou mais de mil casos da doença em uma semana (leia mais na página 6), as pessoas procuram por atendimento quando apresentam sintomas característicos.

Ao mesmo tempo, 86% dos casos que procuraram a UPA Tancredo ontem não são urgentes: “Temos casos de pessoas que poderiam procurar uma UBS [Unidade Básica de Saúde], por exemplo. Há quem vá até a UPA em busca de consulta apenas, mas esse volume faz com que a equipe tenha que se desdobrar para atender a todos, gerando sobrecarga no sistema”, destaca o médico.