BRASÍLIA – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai divulgaram nesta quarta-feira uma declaração conjunta que, na prática, afasta a Venezuela de qualquer tipo de interferência no Mercosul. Ao mesmo tempo, os quatro sócios fundadores assumem o compromisso de, a partir de agora, ?por razões de urgência e a fim de assegurar o funcionamento do Mercosul?, discutir e adotar medidas econômicas e comerciais para reativar o bloco.
O documento reforça o que foi decidido por consenso na terça-feira à noite, de delegar a embaixadores dos quatro países o comando da união aduaneira, até o fim do ano ? o que retira da Venezuela o status rotativo de presidente pro tempore do bloco. Além disso, reafirma o prazo de até 1º de dezembro deste ano para que os venezuelanos se adequem às normas Mercosul. Caso contrário, serão punidos com a suspensão.
Os sócios fundadores do bloco ressaltam que é necessário assegurar o funcionamento e considerar a participação da Venezuela “com base nos princípios e nos objetivos e fins do Tratado de Assunção”. Ou seja, não parecem dispostos a abrir exceção.
O Uruguai se absteve na decisão tomada na noite de terça-feira. Pressionado internamente por parlamentares que apoiam o governo do líder venezuelano Nicolás Maduro, o presidente Tabaré Vázquez preferiu se calar. Um experiente diplomata brasileiro resumiu esse procedimento:
? Consenso não é unanimidade e quem cala, consente.
Vázquez se reunirá com o presidente Michel Temer na próxima semana, em Nova York. O encontro acontecerá paralelamente à reunião da Assembleia Geral da ONU.