MOSCOU/BEIRUTE – Com os combates se agravando na cidade sitiada de Aleppo, a Rússia decidiu enviar mais aviões de guerra à Síria. O chanceler Sergei Lavrov acusou ainda os EUA de protegerem a Frente al-Nusra, movimento ligado à al-Qaeda que tem se unido a outros grupos rebeldes para combater o regime de Bashar al-Assad. A luta piorou uma semana depois do início de uma nova ofensiva do governo contra o último bastião urbano em mãos de rebeldes. Segundo a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos, pelo menos 15 pessoas, entre elas duas crianças, morreram nesta sexta-feira nos bombardeios contra Hellok e outros bairros em mãos de opositores.
A Rússia está enviando mais aviões de guerra à Síria para intensificar sua campanha de ataques aéreos, relatou um jornal russo. O Kremlin disse que não existe um cronograma para a operação militar no país.
? O principal resultado da ofensiva aérea da Rússia ao longo do último ano é que nem o Estado Islâmico, nem a al-Qaeda, nem a Frente al-Nusra estejam em Damasco ? afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos repórteres.
Em uma conversa telefônica com o secretário de Estado americano, John Kerry, Lavrov criticou o que considerou uma incapacidade de Washington de separar grupos rebeldes moderados daqueles que os russos chamam de terroristas, que “permitiram que forças lideradas pela facção antes conhecida como Frente al-Nusra violassem a trégua” mediada por Moscou e Washington.
? Washington não é capaz ou não tem a intenção de pedir à oposição armada moderada que se distancie do grupo extremista ? sentenciou Lavrov em entrevista à BBC.
A ligação ocorreu um dia depois de Kerry dizer que não faz sentido realizar negociações adicionais com a Rússia a respeito da Síria “no contexto do tipo de bombardeio que está acontecendo”. Ainda segundo o Ministério das Relações Exteriores, a diplomacia russa está “disposta a analisar mais formas de normalizar a situação em Aleppo”.
Países ocidentais acusam a Rússia de crimes de guerra, dizendo que os russos têm alvejado deliberadamente civis, hospitais e remessas humanitárias nos últimos dias para dobrar a vontade das 250 mil pessoas vivendo sob estado de sítio dentro do setor de Aleppo dominado pelos rebeldes. Centenas de pessoas foram mortas nos bombardeios, e muitas centenas mais ficaram feridas, tendo pouco acesso a tratamentos em hospitais que por sua vez carecem de suprimentos básicos.