BRASÍLIA ? O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), ingressou nesta terça-feira com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a arrecadação virtual de dinheiro para bancar viagens da presidente afastada Dilma Rousseff. A “vaquinha” tem seis dias e já conseguiu mais de R$ 660 mil, doados por mais de dez mil pessoas.
“Tudo leva a crer que a Justiça Eleitoral, órgão constitucionalmente responsável pelo controle das contas partidárias, restará impedida de apurar a origem e, por conseguinte, a própria licitude dos recursos financeiros doados”, critica Caiado, que argumenta que o PT também se beneficiaria do dinheiro arrecadado.
A petista lançou o crowdfunding (financiamento coletivo) na última quarta-feira depois que o governo do presidente interino Michel Temer limitou o uso de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) aos trajetos de Brasília a Porto Alegre, onde mora a família de Dilma. As duas últimas viagens feitas por Dilma foram bancadas pelo PT.
Em primeiro de julho, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entendeu que, para as eleições de outubro, só são permitidas doações por meio de site do candidato, partido ou coligação. O modelo de Dilma é feito em uma plataforma de crowdfunding independente, mas não está diretamente atrelado às eleições municipais deste ano. O objetivo alegado é de resistir “contra o golpe” e financiar viagens da petista pelo país.
Caiado também defende que esse sistema de arrecadação pode “servir de subterfúgio” para doações jurídicas, que passaram a ser proibidas pela Justiça Eleitoral. As eleições municipais de 2016 serão as primeiras a ter a regra.
A meta da equipe de Dilma Rousseff era arrecadar R$ 500 mil em cerca de duas semanas, segundo auxiliares. Entretanto, a marca foi alcançada em dois dias, na noite da última sexta-feira. A doação média por pessoa até a noite desta terça-feira é de cerca de R$ 65. Ainda não foi definido um novo objetivo ou a primeira viagem da presidente afastada com esse dinheiro.