Cotidiano

Representantes do MBL colecionam polêmicas nas câmaras municipais

INFOCHPDPICT000061948311SÃO PAULO. Passados dois meses de sua entrada na política institucional, o MBL, um dos movimentos que liderou os protestos que levaram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, vê os seus representantes acumularem polêmicas nas câmaras municipais do país. Entre os vereadores ligados ao grupo, houve quem se envolvesse em bate-boca com colega, apresentasse moção de apoio a um estagiário demitido por fazer postagens machistas nas rede sociais e fosse acusado de se valer de artimanhas na contratação de assessor.

Fundado em 2014, o Movimento Brasil Livre (MBL) defende o livre mercado e a redução do Estado e da burocracia. Como não é um partido político, os 43 representantes do movimento que disputaram as eleições do ano passado se filiaram a diferentes legendas, do DEM ao PSB.

O vereador Filipe Barros (PRB), de Londrina, foi o representante do MBL que mais colecionou embates neste início do ano. Defensor de ?valores conservadores no âmbito moral?, elegeu-se presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara local e atraiu críticas de entidades.

À frente da comissão, Barros promoveu um debate sobre os direitos do nascituro (feto). O parlamentar também foi atacado após ser escolhido o representante da Câmara no conselho da Universidade Estadual de Londrina. Alunos, funcionários e professores fizeram um abaixo-assinado contra a indicação por entender que os seus ideais ?são contrários ao espírito democrático da instituição?. O vereador ainda apresentou na Câmara uma moção de apoio a um estagiário de uma empresa de engenharia de Maringá (PR), que havia sido demitido após postar mensagens machistas na internet.

? A liberdade de expressão é um princípio basilar de toda democracia ? defende Barros.

CONFRONTOS COM PETISTAS

Os confrontos com petistas também têm marcado a atuação dos vereadores do MBL. Em um manual de 2015, o movimento diz que ?extremistas de esquerda ? representados por siglas que vão do PT ao PCO ? enquanto inimigos da democracia e da liberdade, deverão, democraticamente, ser desalojados do papel de protagonistas que exercem?.

Em São Paulo, a vereadora petista Juliana Cardoso acusou funcionários do gabinete de Fernando Holiday (DEM), do MBL, de agredirem assessores da liderança do PT. Em uma sessão, a petista partiu para cima do representante do MBL e foi contida por colegas. A bancada do PT pediu na Corregedoria da Casa a cassação de Holiday, que, por sua vez, quer a cassação de Juliana.

? Tentam me intimidar em retaliação à atuação no impeachment ? diz Holiday.

O MBL também viu um de seus representantes se envolver num escândalo. O vereador Marschelo Meche (PSDB), de Americana (SP), foi acusado de fazer uma manobra para contratar um assessor que tinha vínculos com a rede estadual de ensino e não podia ser transferido imediatamente à Câmara. O parlamentar contratou a mãe do assessor, que não trabalhava e repassava o salário ao filho.

? Temos um padrão de conduta muito rígido. Ele será punido, podendo ser expulso ? afirma Renan Santos, um dos coordenadores nacionais do MBL.

Já as polêmicas dos parlamentares são bem avaliadas pela cúpula do movimento:

? Nossos vereadores são protagonistas. Não estão lá para ficar com um discurso que agrade a gregos e troianos. Têm posição e não têm medo de mostrá-las ? afirma Renan.

Já a vereadora Emília Corrêa (PEN), de Aracaju, não chamou a atenção por se opor a uma das principais bandeiras do movimento. Ela manifestou-se contra a privatização da Companhia de Saneamento de Sergipe com o argumento de que a Lei Orgânica da cidade proíbe a concessão de serviços públicos.