RIO ? No Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, celebrado nesta quinta-feira, dia 10, uma recente e inusitada rede social está perto de bater a marca de reunir mil pessoas em todo o mundo que passaram a ouvir depois de anos mergulhadas no silêncio. O CI World Map, criado há dois meses por um casal de moradores da cidade do Rio, pretende fazer o primeiro censo de usuários de implante coclear (IC) no mundo. Já são mais de 800 cadastros, da Argentina até a Rússia. O país com mais cadastros, por enquanto, ainda é o Brasíl, com 444, cerca da metade dos usuários.
O implante coclear é um dispositivo eletrônico dividido em duas partes: uma implantada dentro da cóclea e outra apoiada sobre a orelha, contendo um microprocessador e um microfone. Os eletrodos do implante estimulam os nervos auditivos, levando os sinais para o cérebro, onde serão decodificados e interpretados como sons. No Brasil, a cirurgia de IC é oferecida pela rede pública de saúde.
O CI World Map permite que o usuário marque sua localização e mande e receba mensagens de outros usuários. A página pode ser vista em português, inglês ou espanhol.
O casal de criadores do site representam as duas figuras mais interessadas no tema. Ela, deficiente auditiva desde os 16 anos, e ele, cirurgião de implante coclear. Paula Pfeifer e Luciano Moreira, hoje casados, defendem que conhecer outras pessoas que também tenham a deficiência ajuda muito a lidar melhor com o condição e a descobrir que, em muitos casos, é, sim, possível ouvir novamente.
? A surdez é uma deficiência invisível e quem convive com ela sente muita falta de conhecer e conviver com pessoas que também tenham o mesmo problema. Isso faz toda diferença ? comenta Paula. ? Se eu não tivesse conhecido outros usuários, jamais teria tido coragem de fazer o meu implante coclear. A cirurgia não engloba apenas questões médicas, mas também existenciais. Só quem já passou por isso entende os sentimentos de quem está passando.
Para Paula, é importante que a possibilidade de realizar o implante coclear e melhorar a qualidade de vida seja mais divulgada.
? Mostrar a quantidade de surdos que ouvem espalhados pelo mundo é mostrar as possibilidades que a reabilitação auditiva oferece. A tecnologia hoje permite que a grande maioria dos casos de surdez saia do silêncio ? afirma ela, que já lançou dois livros sobre o tema.