Cotidiano

Protestos pelo mundo em solidariedade a Aleppo cobram paz e ação urgente

France Syria-G0E31RG3N.1.jpgRIO – Diante da tragédia humanitária em Aleppo que chegou ao auge com a morte indiscriminada de civis em combates entre forças do regime sírio e rebeldes anti-Bashar al-Assad, cidades pelo mundo deram demonstrações de solidariedade. De Paris a Istambul e Amã, manifestantes foram às ruas pedir ação da comunidade internacional para impedir mais mortes e garantir respeito à vida.

Em paris, a Torre Eiffel foi apagada na noite de quinta-feira para “alertar a comunidade internacional pela necessidade de ação urgente para o Leste” de Aleppo. Em Istambul, milhates de pessoas foram às ruas em frente aos consulados russo e iraniano para criticar o apoio militar às violações denunciadas pela ONU, como execuções de civis e bombardeios em hospitais.FRANCE-SYRIA-EIFFEL-TOWER-G0E31ROAB.1.jpg

No Qatar, que cancelou seu dia de celebração nacional (18/12) em solidariedade a Aleppo, o emir Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani disse que a decisão foi em solidariedade a “um povo sujeito ao pior tipo de repressão, tortura, deslocamento e genocídio”.

Em cidades como Londres, Sarajevo (Bósnia) e Amã (Jordânia), outras pessoas foram às ruas protestando contra o apoio militar de Vladimir Putin ao regime de Assad na cidade. Muitos queimaram fotos do presidente russo, enquanto outros exibiram imagens de crianças feridas e até mortas na ofensiva.

Também na Síria, o basstião rebelde de Douma, subúrbio de Damasco, teve uma vigília pelas vítimas da cidade.

Manifestações nas redes sociais também marcaram a solidariedade. Canais de TV e sites exibiram maneiras de se ajudar as pessoas cercadas na parte Leste, e usuários compartilharam imagens da grafia em árabe da cidade de Aleppo como um olho em lágrimas.

?Hoje me sinto como se estivesse assistindo ao pior de nosso passado se repetir?. Foi assim que a ativista paquistanesa Malala Yousafzai iniciou um comunicado publicado nesta quarta-feira, em um apelo para que a comunidade internacional ajude os sírios que sofrem com a guerra civil. A Nobel da Paz ? que luta sobretudo pela educação de meninas em zonas de guerra ? categorizou os ataques das tropas do regime do presidente Bashar al-Assad contra os moradores de Aleppo como uma repetição do “pior do nosso passado?.

?Quando eu olho para a Síria, vejo o genocídio de Ruanda. Quando leio as palavras desesperadas de Bana Alabed em Aleppo, vejo Anne Frank em Amsterdã?, continua Malala. ?Às crianças que estão sob cerco em Aleppo, rezo para que vocês saiam com segurança. Rezo para que vocês cresçam fortes, vão à escola e vejam paz em seu país algum dia?.

DRAMA PERSISTE

Segundo a ONU, 82 civis foram mortos em Aleppo apenas na última terça-feira pelas tropas pró-Assad. Após relatos das execuções de civis, foi convocada uma reunião de emergência das Nações Unidas sobre os conflitos que já duram mais de cinco anos e devastaram a Síria.

Para Assad, ?a História está sendo feita? com a derrota dos insurgentes em Aleppo.

“Quero lhes assegurar que o que acontece hoje é História, e todos os cidadãos sírios a estão escrevendo”, disse Assad em um curto vídeo postado na página do Facebook da presidência. Na gravação, que parece ter sido feita por um telefone celular, Assad aparece sorrindo. Ele diz ainda que a libertação de Aleppo significa que a situação mudou não só para a Síria, mas também “para a região e para todo o mundo”.MIDEAST-CRISIS_SYRIA

Depois de os seus bairros terem sido recapturados pelas forças sírias, moradores de Aleppo que viviam sob o controle rebelde acusaram insurgentes de terem privado civis de ajuda humanitária e dos bens de que mais precisavam ? incluindo até mesmo de alimentos. Ao “Euronews”, eles relataram o sofrimento cotidiano a que eram submetidos, acompanhado dos constantes bombardeios no epicentro da guerra síria. Nesta quinta-feira, milhares de pessoas estão sendo retiradas da zona rebelde, reconquistada pelas forças sírias.

? Eles nos proibiram de tudo. Não há leite, nada para cozinhar, carne e nem mesmo limões ? relatou Hanan al Salem, depois que os rebeldes haviam partido.

A despedida dramática dos moradores de Aleppo