O Governo do Paraná, por meio da Superintendência da Cultura, vai fomentar o mercado de games, destinando uma categoria específica ao seu desenvolvimento no Edital de Produção e Desenvolvimento de Obras Audiovisuais, com inscrições até 29 de julho. São R$ 10 milhões para a produção de curtas e longas-metragens, telefilmes, desenvolvimento de projetos, além dos jogos eletrônicos.
“Incluímos a tipologia de jogos eletrônicos de forma experimental, como um projeto piloto, e estamos confiantes em receber muitos projetos nessa categoria”, disse a coordenadora de Ação Cultural e Economia Criativa (Cacec) da Superintendência da Cultura, Mariana Bernal. Segundo ela, para esse primeiro edital que contempla os jogos, haverá dois projetos selecionados e um aporte no valor de R$ 250 mil. “Era um desejo da própria Ancine em investir nessa tipologia”, afirmou.
A categoria de jogos eletrônicos tem por finalidade a produção de um jogo eletrônico para exploração comercial em consoles (videogames), computadores ou dispositivos móveis (celulares e tablets).
Uma das exigências do edital é que o conteúdo audiovisual interativo deve ser inédito e, de preferência, abordar a temática paranaense, seja no argumento, enredo, trama, ideia preponderante ou contexto relacionado a diferentes aspectos da história, da cultura e da vida. O prazo de conclusão é de 24 meses a partir do recebimento dos recursos.
MERCADO DE JOGOS – A professora do curso de Design da Universidade Positivo, Michele Aguiar, desenvolveu sua pesquisa de mestrado e doutorado na área de jogos educacionais e conhece a realidade do mercado. “Em 2016 fiz um levantamento que identificava uma involução. Na mesma medida que abriam várias empresas, fechavam outras tantas. E a maioria desses estúdios vive à base de editais. Se tem baixa oferta de edital não tem como sobreviver”. Por esse motivo, ressalta Michele, todo edital de incentivo é válido. A professora foi uma das profissionais que auxiliou a equipe da Cultura na elaboração dos critérios para a tipologia de jogos digitais dentro do edital.
Proprietário da desenvolvedora de jogos digitais Oction, sediada em Curitiba, Alessandro Barleze trabalha há 13 anos com desenvolvimento de jogos no Brasil e no Exterior e defende mais investimento na área para tornar sustentáveis as empresas que abrem no país. “É comum as empresas não atingirem faturamento acima de R$ 200 mil. Muitas não alcançam nem R$ 20 mil por ano. São profissionais muito técnicos que se unem e criam uma empresa, mas que não têm experiência de mercado”, diz. “É muito importante ter mecanismos de fomento como editais de produção voltados ao setor”, acrescenta.
Segundo Barleze, a projeção de faturamento do mercado de jogos de entretenimento no Brasil é de U$ 4,3 bilhão (cerca de R$ 17 bilhões) para 2019. Apesar disso, o profissional que atua na área ganha, no país, em média R$ 3 mil por mês. Nos Estados Unidos, por exemplo, o profissional recebe entre US$ 8 mil a US$ 15 mil (cerca de R$ 32 mil a R$ 60 mil).
No 2º Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais, de 2018, o Paraná aparece como o 4º Estado que mais sedia empresas desenvolvedoras de jogos digitais, com 30 no total, sendo 22 formalizadas e oito não formalizadas. O mesmo documento traz um diretório dessas empresas por estado. Das 11 citadas no Paraná, cinco delas são de Curitiba, mas as outras seis estão espalhadas pelo Interior, em Londrina (2), Cianorte (1), Cornélio Procópio (1), Francisco Beltrão (1) e Mamborê (1).
Em comparação com o 1º Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais, realizado em 2014, o Paraná teve um crescimento de mais de 200% entre as empresas formalizadas.
INSCRIÇÕES – Podem concorrer pessoas jurídicas com fins lucrativos, classificadas na Ancine como agentes econômicos independentes, devidamente registradas no Estado do Paraná há pelo menos 12 meses, a contar da data de lançamento do edital (10/06).
Todo o processo de inscrição, habilitação, mérito e acompanhamento é feito de forma online pelo sistema SisProfice. O edital completo e as inscrições estão disponíveis no site www.cultura.pr.gov.br.
REALIZAÇÃO – O edital é da Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura, por meio da Superintendência da Cultura, em parceria com a Agência Nacional de Cinema (Ancine).
O recurso é parte do orçamento da Secretaria com complementação da Ancine, por meio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) – Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Audiovisual Brasileiro (Prodav).