É um espirro daqui, uma obstrução nasal acolá: quem sofre com as alergias típicas do outono sabe que quando chega esta época do ano os cuidados devem ser redobrados.
Segundo a otorrinolaringologista da Otorrinos Curitiba e membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial, Denise Braga Ribas, manter o ambiente limpo e arejado, hidratar-se constantemente e evitar aglomerações ajudam bastante na prevenção dessas doenças. “São três orientações fáceis e de ótimo resultado quando se pensa em evitar as doenças do outono”, ressalta.
Dentre as doenças mais comuns das vias aéreas superiores durante o outono estão: gripe, resfriado, laringite, rinite e sinusite. De acordo com Denise, a sinusite é, inclusive, um dos dez diagnósticos mais frequentes na clínica médica.
A especialista aproveitou para diferenciar essas cinco doenças que muitas vezes são confundidas entre os pacientes e lembrou que cerca de 30% da população apresenta algum grau de rinite. “A diferença da rinite para um resfriado comum é que a rinite pode durar semanas e ser recorrente. Já o resfriado é autolimitado, ou seja, tem começo, meio e fim”, lembra.
Dicas importantes:
– Cubra o rosto ao tossir ou espirrar;
– Prefira lenços de papel;
– Lave sempre as mãos;
– Use produtos à base de álcool para limpeza das mãos e superfícies de contato direto;
– Evite tocar nos olhos, nariz e boca em ambientes com muitas pessoas;
– Mantenha a vacinação anual em dia;
– Além de manter o ambiente sempre arejado, troque as roupas de cama toda semana e deixe o sol entrar nos quartos e demais cômodos;
– Não fume;
– Mantenha uma alimentação balanceada, rica em frutas, verduras e carnes magras;
– Beba bastante líquido, de preferência água.
Saiba diferenciar as doenças mais comuns:
***Resfriado comum: doença viral da via aérea superior mais comum, causada por mais de 200 tipos de vírus envolvidos, sendo o principal o rinovírus. Os sintomas são brandos, tais como tosse, congestão nasal, coriza, dores no corpo, dor de garganta leve, febre baixa e espirros. Dura de 2 a 4 dias e normalmente é autolimitada.
***Gripe: causada pelo vírus influenza. Os sintomas iniciam-se entre 2 a 3 dias após o contato e duram, em média, uma semana. Também é uma infecção autolimitada, porém mais sintomática que o resfriado. Mal estar, cansaço e febre alta estão associados. Existe risco de agravamento do quadro e infecção hospitalar. Para alguns tipos de gripe existem vacinas que devem ser realizadas antes do inverno.
***Rinite: reação inflamatória da mucosa nasal consequente a fatores alérgicos ou não. Os sintomas são: nariz escorrendo, obstrução nasal, espirros, prurido nasal/ ocular/ faríngeo/ otológico. Cerca de 30% da população apresenta algum grau de rinite. A diferença da rinite para um resfriado comum é que a rinite pode durar semanas e ser recorrente. O resfriado é autolimitado. Já comparando com a gripe, os sintomas podem ser parecidos, porém a gripe sempre está associada a sintomas sistêmicos como cansaço, febre, mal-estar e a rinite nem sempre. Além disso, a gripe é, assim como o resfriado, autolimitada.
***Sinusite: é um dos 10 diagnósticos mais frequentes na clínica médica, e 0,5 a 5% das IVAS (Infecções das Vias Aéreas Superiores – resfriado, gripe, rinite) são complicados por sinusite. Os sintomas respiratórios persistem por mais de 7 a 10 dias e o uso do antibiótico se faz necessário. Os sintomas típicos da sinusite são: dor e pressão facial, dor de cabeça, febre alta, obstrução nasal, secreção nasal purulenta, tosse, halitose e até mesmo tontura.
***Laringite: causada por bactérias, vírus, bebidas geladas ou pela ação de elementos do ambiente, a laringite é a inflamação da laringe – local da garganta onde se encontram as cordas vocais. Não é um quadro altamente doloroso, mas provoca tosse seca constante e grave rouquidão, podendo ocasionar perda temporária da voz. Pode ser um quadro isolado, mas a laringite costuma aparecer como sintoma de outras infecções respiratórias. Seu tratamento é feito com repouso, hidratação e, dependendo do caso, antibióticos.
Importante: Não se automedique!
Caso o paciente apresente algum sintoma das Ivas (Infecções das Vias Aéreas Superiores), a dica é procurar um médico especialista.
Vacina da gripe: o que muda em 2018
Anote na agenda: dia 23 de abril de 2018 começa a Campanha Nacional de Vacinação contra o Influenza, estratégia do Ministério da Saúde para diminuir o impacto da gripe em todo o País. O Dia D, considerado a data mais importante de mobilização nacional, está marcado para 12 de maio, um sábado.
A ideia era iniciar os trabalhos uma semana antes, no dia 16 de abril. Mas algumas dificuldades de fabricação e logística dificultaram a distribuição da vacina. Apesar do atraso, o ministério aposta que a troca de datas não trará problemas, uma vez que a campanha se iniciará ainda no outono, antes de o inverno começar, quando o número de atingidos sobe pra valer.
Se você faz parte dos grupos de risco para complicações da doença (veja mais abaixo), sua participação é primordial. A gripe é uma doença séria, que mata mais de 650 mil pessoas todos os anos, de acordo com um recente levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde). Além de causar aqueles sintomas clássicos – febre alta, nariz entupido, cansaço e dor no corpo -, ela está por trás de complicações como pneumonia e infarto.
Abaixo, resumimos as principais recomendações mudanças que foram implementadas para a vacinação de 2018. Confira os detalhes e, se for o caso, programe sua visita ao posto de saúde mais próximo de sua casa.
Público-alvo:
Crianças de 6 meses a 5 anos
Gestantes
Mulheres que deram à luz nos últimos 45 dias
Profissionais da saúde
Professores da rede pública e particular
População indígena
Portadores de doenças crônicas, como diabetes, asma e artrite reumatoide
Indivíduos imunossuprimidos, como pacientes com câncer que fazem quimioterapia e radioterapia
Portadores de trissomias, como as síndromes de Down e de Klinefelter
Pessoas privadas de liberdade
Adolescentes internados em instituições socioeducativas
*Quem não faz parte desses grupos pode tomar a vacina numa clínica particular. O preço varia entre R$ 100 e R$ 200.
Contraindicações
Há quem reclame das reações da vacina contra a gripe. Geralmente, a vacina não costuma dar reações. Mas há casos em que pessoa pode experimentar alergia na pele, no local da aplicação. Não caia naquela ladainha de que o imunizante provoca gripe: como ele é feito com o vírus inativado, não há risco de ele causar qualquer chateação.
Mas e aquelas histórias de gente que tomou a picada e logo depois começou a espirrar e precisou ficar de cama? Há duas explicações. Em primeiro lugar, o sistema imune demora alguns dias para contrapor o influenza – e pode ser que o sujeito tenha entrado em contato com o vírus no ambiente nesse meio tempo.
Segundo, a eficácia da vacina contra o influenza chega ao máximo em 70%. Sim, há poucos casos em que ela não surte efeito. Mesmo assim, é importante porque ajuda a evitar muitas das complicações pós-gripe, como a pneumonia.
O imunizante só está proibido mesmo para quem tem alergia severa ao ovo (ele é fabricado dentro da casca e se replica a partir da gema e da clara). Mas essa é uma condição bem incomum.
Tomei ano passado. Preciso repetir a dose?
Sem dúvida! A taxa de proteção da vacina começa a cair após alguns meses. Os vírus da gripe têm uma alta capacidade de mutação. Logo, as cepas que estão circulando agora são bem diferentes daquelas que aterrorizaram o inverno passado. Portanto, é preciso se resguardar novamente para não penar com espirros, prostração, febre e outros sintomas.