RIO – Roberto Veloso, presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) denunciou hoje os ataques feitos pelos advogados de Lula contra o juiz Sérgio Moro. Nesta segunda-feira, Moro discutiu com Juarez Cirino dos Santos, um dos defensores de Lula no processo da Lava-Jato. Os dois elevaram o tom de voz na discussão. O advogado afirmou que Moro não o respeitava como defensor, e que o juiz atuava como “acusador principal”.
“O que aconteceu na audiência de Curitiba faz parte da estratégia deliberada da defesa do ex-presidente Lula de retirar o juiz federal Sérgio Moro da condução do processo da Lavajato” afirmou, em nota, o presidente da Ajufe.
Veloso continuou:
“Essa tentativa demonstra a ausência de argumentos para desconstituir as provas juntadas nos autos pelo Ministério Público”
A nota termina dizendo que Moro tem dado um exemplo ao Brasil. ?Por isso, damos total apoio ao magistrado condutor da Lavajato?, conclui.
DISCUSSÃO ACALORADA
O desentendimento entre Moro e Juarez Cirino dos Santos, na segunda-feira, ocorreu devido a uma pergunta feita pelo procurador Paulo Roberto Galvão de Carvalho para a testemunha Mariuza Aparecida da Silva Marques, engenheira civil da OAS que trabalhou no tríplex cuja propriedade o Ministério Público Federal atribui a Lula como forma de pagamento de vantagens indevidas da empreiteira ao ex-presidente. Galvão de Carvalho questionou Mariuza se, durante uma visita que a ex-primeira-dama realizou ao imóvel, Marisa Letícia foi tratada como possível compradora ou alguém a quem a propriedade já havia sido destinada. Uma das advogadas, então, questionou Moro, que rejeitou o protesto da defesa e pediu que não fossem feitas novas intervenções.
Após o procurador repetir a pergunta, Juarez Cirino do Santos voltou a protestar contra a pergunta e Moro afirmou que o advogado estava sendo inconveniente.
Não foi a primeira vez que o juiz Sérgio Moro e os advogados do ex-presidente discutiram durante as audiências. Desde os primeiros depoimentos, a defesa tem feito uma série de protestos às perguntas feitas pelos procuradores, acusando-os de induzir as testemunhas. Além disso, a defesa pediu que aqueles que tivessem assinado um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal não fossem aceitos como testemunhas. Os pedidos foram negados por Moro.