Cotidiano

Premier francês considera possível vitória da extrema-direita em eleições

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BERLIM ? O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, disse nesta quinta-feira que uma vitória da candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, nas eleições presidenciais do ano quem vem. Por enquanto, pesquisas indicam que ela tem altas chances de chegar ao segundo turno, enquanto o atual presidente do país, François Hollande, se vêm entre baixos índices de popularidade.

? É possível ? respondeu Valls ao ser perguntado sobre a possibilidade de Le Pen vencer as eleições. ? Todas as pesquisas dicam que a candidata Marine Le Pen estará no segundo turno. Isto significa que o equilíbro da vida política mudará totalmente.

Valls, no entanto, alertou que considera perigosa um eventual governo comandado pela extrema-direita francesa. Uma das principais bandeiras da Frente Nacional, partido liderado pela eurodeputada, é deixar a zona do euro. Após a saída britânica da União Europeia (UE), e com o avanço da extrema-direita em diversos países do bloco, respaldados no sentimento anti-imigração e no fortalecimento das fronteiras nacionais, o avanço desta proposta poderia significar a derrocada do bloco continental.

E o premier ainda comparou a candidatura de Le Pen à do republicano Donald Trump, que acabou vitorioso nas eleições presidenciais da semana passada nos EUA:

? Trump era o candidato de um grande partido, o Partido Republicano, que já dominava o Congresso e muitos estados dos EUA. Mas seu discurso e as suas propostas preocupam.

A Frente Nacional já conseguiu chegar ao segundo turno das eleições presidenciais francesas em 2002, quando Jean-Marie Le Pen, pai da atual candidata do partido, eliminou, para a surpresa de todos, o então primeiro-ministro socialista, Lionel Jospin, da disputa. Mas ele acabou derrotado por uma grande margem na reta final contra o conservador Jacques Chirac.

A principal convicção na imprensa e entre especialistas locais é de que, após os três atentados terroristas em Paris e Nice, que deixaram mais de 200 mortos, a França vai dar uma guinada à direita com uma agenda focada em segurança, imigração, identidade nacional e Islã. Ainda mais com as críticas que os socialistas vêm sofrendo pelo fraco desempenho da economia e desemprego ? cerca de 10% da população está sem trabalho.

Além disso, o contexto atual no continente joga a favor de Le Pen. A chegada em massa de migrantes e de refugiados à Europa favorece os discursos ultranacionalistas, islamofóbicos e xenofóbicos em Áustria, Alemanha, Hungria, Polônia, Holanda e Dinamarca. São ventos que sopram a favor da candidata.