FORTALEZA – Dono da segunda campanha mais cara do Brasil, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), tenta se reeleger ao cargo após um difícil início na campanha. Em meados deste ano, ele aparecia distante da preferência dos eleitores de Fortaleza, mas, com aliados de peso no estado ? os irmãos Ciro e Cid Gomes ? e uma conta recheada, conseguiu se recuperar e chega no segundo turno liderando a disputa.
A campanha de Roberto Cláudio já declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter recebido R$ 7,7 milhões em recursos, dos quais R$ 6,2 milhões vêm de doações de pessoas físicas, o equivalente a mais de 80% do total. Uma proeza em tempos de crise econômica e operação Lava-Jato, que afugentou tradicionais doadores de campanha.
Analisando as contas do candidato, é curioso notar que mais de R$ 1,2 milhão foram doados por familiares do senador Tasso Jereissati (PSDB), que apoia o adversário de Roberto Cláudio, o deputado estadual Capitão Wagner (PR), contra quem disputará o segundo turno. Foram sete os Jereissatis que fizeram transferências individuais para Roberto Cláudio, que variam de R$ 50 mil até R$ 300 mil.
A generosidade dos Jereissati com Roberto Cláudio irritou Tasso. Depois de ver centenas de milhares de reais serem destinados ao prefeito e de ter pedidos de doação para Capitão Wagner negados, o senador avisou a integrantes da família: ?pegou mal?.
Nas contas, há um abismo de diferença para o segundo colocado, que declarou R$ 2,5 milhões ao TSE. Para se ter uma ideia da magnitude da campanha de Roberto Cláudio, somente Pedro Paulo, que ficou fora do segundo turno no Rio de Janeiro, contou com mais recursos: foram R$ 9 milhões. João Dória, eleito no primeiro turno em São Paulo, teve R$ 7,3 milhões declarados. Ele diz que a proibição de doações empresariais em campanhas não mudou muita coisa:
? Faz uma diferença coletiva, porque a regra é igual para todos, mesmo que alguém esteja fazendo caixa dois e o total dos recursos não esteja aparecendo na prestação de contas. O que muda mais nesta eleição é o tempo mais curto para fazer campanha. Como o tempo é pouco, é possível sustentar uma peça de marketing, porque a população não chega a conhecer de fato quem é o candidato ? diz, em uma alfinetada em Capitão Wagner.
Médico, 41 anos de idade, casado com a psicóloga Carolina Bezerra, que atua na prefeitura à frente de um projeto para a primeira infância de crianças carentes, Roberto Cláudio tem duas filhas. Decidido a se livrar de quilos extras, fez cirurgia bariátrica depois de ter sido eleito prefeito em 2012 e diz que um de seus grandes prazeres, hoje, é ver as pessoas comerem.
Foi deputado estadual por dois mandatos, levado para a política pelas mãos dos irmãos Cid e Ciro Gomes. Em seu primeiro mandato, foi escolhido por Cid para ser seu vice-líder do governo. Depois, tornou-se presidente da Assembleia e se consolidou como um dos mais fiéis aliados do clã. Seguiu ambos nas mudanças de partido, primeiro do PSB para o PROS e, depois, para o PDT.
Seu estilo político é conciliador. Evita críticas aos adversários e tenta ver o ?lado bom? da situação. Acredita que, mesmo tendo Ciro e Cid fazendo uma oposição ferrenha ao governo Michel Temer, não será prejudicado por isto:
? Pior do que foi com minha aliada, não será ? diz, sobre os tempos difíceis com Dilma Rousseff na presidência.