Cotidiano

Práticas de supermercados impulsionam desperdício de alimentos

A obsessão dos supermercados por produtos de aparência perfeita e o uso de etiquetas com datas de validade arbitrárias estão causando um enorme desperdício de alimentos que, se revertido, poderia acabar com a fome no mundo, disse um painel da ONU nesta quinta-feira durante a COP 22.

Cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados todos os anos, mais do que o suficiente para sustentar o bilhão de pessoas que passam fome no mundo, disse na quinta-feira a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

A energia usada para o cultivo de alimentos que acabam sendo jogados no lixo é o terceiro maior contribuinte para as emissões de gases do efeito estufa no mundo, atrás dos Estados Unidos e da China, segundo a FAO, citando um relatório sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Em um evento sobre o desperdício de alimentos, na quinta-feira, especialistas da ONU e da sociedade civil disseram que combater o problema exige mudanças fundamentais na forma como os alimentos são vendidos.

Em muitos supermercados ocidentais, apenas as seções orgânicas contém produtos com aparência imperfeita, sejam pepinos curvados ou laranjas com machucados na casca.

Sarah Oppenheimer, do grupo de campanha britânico Feedback Global, disse que as redes de supermercados em todo o mundo rejeitam produtos comestíveis devido a “imperfeições estéticas superficiais”.

Ela criticou práticas difundidas como aparar as pontas das vagens, que as lojas fazem para que elas se encaixam uniformemente em embalagens, desperdiçando cerca de 20% do vegetal.

Oppenheimer também pediu um sistema de rotulagem padronizado, observando que as indicações impressas nos produtos pelas lojas são confusas e muitas vezes não têm relação com a data real de vencimento de um produto.